postado em 06/03/2010 11:29
Para justificar a oscilação nos valores dos ingressos para shows internacionais, que tanto incomoda os fãs, os produtores recorrem a uma matemática que pode soar até complexa aos ouvidos do público: dos gastos de hospedagem ao tamanho da plateia, são muitos os fatores que colaboram para a definição dos preços . "Os custos de trazer um grande espetáculo são altos. O som e a luz vêm de fora, a equipe da banda é formada por 90 pessoas e eles vão passar quatro dias em Brasília", explica o produtor Rodrigo Amaral, que também traz o A-Ha à cidade.
A previsão, segundo ele, é que 12 mil pessoas lotem o ginásio na apresentação de domingo. "A própria banda opta por se apresentar em espaços não tão grandes, como o Mineirinho (em BH) e o Gigantinho (em Porto Alegre)", conta. Para Amaral, os públicos dos shows do Guns, do A-Ha e do Franz Ferdinand são diferentes. "Vai ter para todos os gostos", garante. Mas, na prática, a interseção dos fã-clubes não parece tão pequena. "Eu queria ir aos shows do B.B. King e do A-Ha, mas os valores estão muito altos. Tive que optar e, por isso, preferi o Guns", explica Fernando Roriz Marques Cardoso, 28 anos, servidor da Anatel.
Cláudio Romano, da Day 1 Entertainment, aponta um outro fator que pesa na soma dos ingressos: o uso da carteira de estudante. "É um artifício que influi diretamente no preço. Os produtores têm que ceder, mas não ganham nenhum subsídio para garantir as entradas para estudantes. Pagamos o cachê integral da banda, o aluguel do equipamento%u2026 E há shows em que 80% do público pagam meia", observa.
Responsável pela organização da turnê do Franz Ferdinand em quatro cidades brasileiras, a Day 1 estipulou um valor médio para os ingressos de todas as apresentações. Tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro, as entradas saem a R$ 140. Em Porto Alegre, a pista chega a R$ 120. "Por ter aspecto de banda independente e um público que é muito parecido no Brasil inteiro, o Franz aceita essa regularidade nos preços", explica Cláudio. O produtor afirma que mais da metade das entradas foi vendida logo na abertura da bilheteria.
[SAIBAMAIS]Além dos preços dos ingressos, uma reclamação que une fãs tanto do Guns N' Roses quanto do Franz Ferdinand diz respeito aos locais onde elas vão se apresentar. "Quando eu soube que o show do Guns seria no Nilson Nelson, foi uma decepção. No show do The Doors, a acústica estava péssima. O Mané Garrincha seria o ideal", observa Fernando. Segundo os produtores, Brasília ainda deixa a desejar no ramo das casas de espetáculos. "A cidade hoje está com pouca estrutura para receber shows. É um fato. Mas esse grande número de shows internacionais em março talvez estimule os empresários a abrir novas casas", prevê Cláudio.
Apesar da dificuldade, quem organiza espetáculos em Brasília concorda que a cidade está cada vez mais afinada ao circuito de shows internacionais. "Com a moeda fortalecida, fica mais fácil conseguir preços mais baratos para trazer as bandas e negociar mais datas de shows no país. Em vez de tocar apenas no Rio e em São Paulo, elas passam por outras cidades. E as bandas também estão animadas para se apresentar no Brasil. O país entrou no roteiro delas", afirma Cláudio. Que os fãs, portanto, comecem a poupar.
Guns N' Roses
PRÓS
» Da formação original, só sobraram Axl Rose e o tecladista Dizzy Reed. Mas esse é dos menores problemas para os fãs de uma das maiores bandas de hard rock dos anos 1980. Pela primeira vez em Brasília, o exército de Axl vai disparar hits irresistíveis como Sweet child o' mine e Welcome to the jungle.
CONTRAS
» É quase uma tradição: a acústica do Nilson Nelson não perdoa quase ninguém. A cacofonia pode minimizar o tom épico das faixas do disco Chinese democracy, de 2008. E a ausência do guitarrista Slash, que abandonou o front em 1996? Não é qualquer detalhe.
Franz Ferdinand
PRÓS
» Para o brasiliense, é rara a chance de assistir a uma banda que está no auge da carreira. Na turnê de divulgação do terceiro disco (o elogiado Tonight: Franz Ferdinand, de 2009, os escoceses são famosos por um show enérgico e dançante, que não deixa ninguém entediado.
CONTRAS
» Quem pagou para ver os shows do LCD Soundsystem e do Pet Shop Boys se incomodou com a estrutura do Marina Hall, com jeitão de salão de festas. A dificuldade para estacionar os carros, aliás, costuma irritar o público. O Franz Ferdinand bem que merecia um espaço mais confortável.
B.B. King
PRÓS
» Mestre é pouco. Aos 84 anos, o americano Riley B. King criou um estilo que influenciou gerações no blues e no rock. No palco, viaja elegantemente por alguns dos maiores momentos da música do século 20. Depois de tanto ameaçar, o rei garante que esta é a sua turnê do adeus.
CONTRAS
» O blueseiro se apresentou em 2004 no Pontão. Para aqueles que assistiram a esse belo show e estão com o orçamento apertado, talvez seja melhor torcer para que King adie novamente a despedida e retorne a Brasília. Mas, como garantia, não seria melhor quebrar logo o cofrinho?
A-Ha
PRÓS
» Com arrasa-quarteirões como Take on me e Hunting high and low, os noruegueses prometem atiçar a nostalgia de um público que viveu a adolescência no fim dos anos 1980. E, para os fãs, é agora ou nunca: a banda anunciou que vai se separar após a turnê.
CONTRAS
» As canções pouco conhecidas dos álbuns mais recentes da banda (como Foot on the mountain, de 2009) podem atravancar a diversão de quem espera embarcar no túnel do tempo. E o Centro de Convenções está longe de ser um espaço apropriado para grandes shows de pop rock.
Compare
Valor dos ingressos mais baratos do Guns N' Roses na turnê brasileira
Brasília - R$ 240 (arquibancada)
Rio de Janeiro - R$ 180 (pista/ arquibancada)
Belo Horizonte - R$ 140 (arquibancada)
Porto Alegre - R$ 130 (arquibancada)
São Paulo - R$ 120 (arquibancada)