Diversão e Arte

Veteranos abrem hoje temporada de shows no Clube do Choro

Irlam Rocha Lima
postado em 10/03/2010 08:31
Tropa de elite: Valdeci, Valci, Augusto Contrera, José Américo, Dedé, Paulinho do Cavaco, Pernambuco do Pandeiro, Dolores Tomé e o homenageado Eli do Cavaco, ao centro

O choro é ouvido em Brasília desde os heroicos tempos da fundação da capital. Amigo de Juscelino Kubitschek, o violonista Dilermando Reis, autor da valsa Abismo de rosas, nas noites de céu estrelado do Planalto Central, alegrava o presidente e seus assessores, com serestas no Catetinho, nas quais não faltavam clássicos como Carinhoso, de Pixinguinha, e Odeon, de Ernesto Nazareth. Um dos grandes mestres do choro, o carioca Jacob do Bandolim passou várias temporadas na cidade, na década de 1960. Com problemas coronários, entre consultas a seu médico particular, participava de saraus memoráveis na casa da pianista Neusa França, com dublês de músicos e funcionários públicos transferidos do Rio de Janeiro. Nos anos 1970, o brasiliense passou a ter um contato maior com o chorinho ao ouvir, ao vivo, Waldir Azevedo. Outro importante criador e intérprete do gênero, o rei do cavaquinho, que aqui havia se radicado, voltou a tocar ao lado de um conjunto regional, formado por músicos locais. Isso o levou a retomar a carreira, abandonada depois da morte de uma filha, em acidente automobilístico, no Rio. ;Jacob e Waldir, a partir de rodas informais, plantaram a semente do choro em Brasília, que começou a vicejar nos encontros na casa da flautista Odete Ernest Dias, com a presença de aficcionados do gênero. A árvore tomou forma a partir da criação, em 1977, do Clube do Choro, hoje uma instituição reconhecida do mundo inteiro;, comemora Henrique Santos Neto, o Reco do Bandolim, atual presidente da entidade. Projetos que vêm sendo desenvolvidos há mais de 10 anos contribuíram para o fortalecimento do clube, que neste ano dedica toda a sua programação à celebração do cinquentenário da cidade. A abertura da série será feita por chorões da velha guarda, responsáveis diretos pela criação desse foco de resistência da música instrumental brasileira no Centro-Oeste. De hoje a sexta-feira, às 21h, Pernambuco do Pandeiro, Paulinho do Cavaco, Walci Tavares (clarineta), Antônio Lício (flauta), Dolores Tomé (flauta), José Américo (violão), Dudu (violão seis cordas), Augusto Contrera (violão seis cordas), Dedé (violão sete cordas) e Valdeci (pandeiro) subirão ao palco da velha sede do Clube do Choro (a nova, com obras adiantadas, ainda não tem data prevista para inauguração), com Eli do Cavaco, o grande homenageado do show. Eles serão acompanhados pelo grupo Choro Livre, formado por músicos da nova geração: Henrique Neto (violão sete cordas), Rafael dos Anjos (violão seis cordas), Márcio Marinho (cavaquinho) e Tonho Affonso (pandeiro). Entre esses veteranos chorões, a maioria tem o nome inscrito na ata de fundação do Clube do Choro. Walci e Antônio Lício foram presidentes; enquanto Pernambuco do Pandeiro e Tio Nilo tiveram atuação decisiva na realização das primeiras rodas de choro no local, cedido pelo então governador Elmo Serejo Farias para funcionamento da entidade. O lugar, depois da reforma empreendida pela atual administração, é o mesmo onde, por enquanto, vão ocorrer os shows do projeto Brasília 50 Anos ; Capital do Choro. BRASÍLIA 50 ANOS ; CAPITAL DO CHORO Abertura do projeto com shows de músicos da velha guarda do choro na cidade, acompanhados pelo grupo Choro Livre, de hoje a sexta-feira, às 21h, no Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 4344-0599. <--
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--> Programação<--
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--> <-- --> De 17 a 19 - Léo Gandelman De 24 a 26 - Trio de Câmara Brasileiro De 31 a 2 de abril - Marcel Powell Trio De 7 a 9 - Odete, Beth e Jaime Ernest Dias De 14 a 16 - Zé da Velha e Silvério Pontes De 21 a 23 - Guinga De 28 a 30 - Cristina Braga e Ricardo Medeiros <--
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Justa homenagem <--
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--> <-- --> Eli Monteiro da Silva, fluminense de Cambuci, em Brasília desde 1960, é um dos fundadores do Clube do Choro. Integrante do conjunto regional que na década e 1970 acompanhava Waldir Azevedo em Brasília, iniciou a carreira no Rio de Janeiro aos 16 anos, participando dos programas de calouro de Ary Barroso (Rádio Nacional) e Aerton Perlingeiro (Rádio Tupi). A iniciação de Eli do Cavaco no choro foi em rodas que ocorriam nos bairros da Lapa e da Penha. ;Quando vim morar em Brasília, logo busquei fazer contato no meio musical. Inicialmente, toquei em lugares como Casarão do Samba (anexo do Brasília Palace), Amarelinho (Centro Comercial Gilberto Salomão) e Cavaquinho (408 Sul), no grupo do meu amigo Pernambuco do Pandeiro;, recorda-se. Foi no Cavaquinho que reencontrou Waldir Azevedo, a quem havia conhecido, nos anos 1950, nos corredores da Rádio Mundial, no Rio. ;Ele foi com dona Olinda (mulher do músico) assistir à roda de choro daquela cervejaria. Ao me ver, lembrou-se de mim e informou que estava formando um regional e disse que gostaria de contar comigo, como cavaquinista de centro. Foram quase 10 anos tocando com o Waldir, tendo inclusive participado da gravação dos dois últimos discos dele;, conta. O músico tomou parte das reuniões no apartamento da flautista Odette Ernest Dias, onde surgiu a ideia da fundação do Clube do Choro. ;Participei bastante das rodas que ocorriam no clube, mas tocava, também, em outos lugares, como bares, clubes e hotéis, com o grupo Raça Brasileira.; Morador do Gama, aposentado pelo Governo do Distrito Federal, o cavaquinista, com 75 anos, atualmente tem se apresentado com o Choro e Voz, conjunto que formou com o violonista Paulo Henrique e a cantora Mônica. De hoje a sexta-feira, ele será homenageado pelo Clube do Choro e seus companheiros da velha guarda do choro.

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