Um olhar sutil e poético sobre a fome, a miséria e a esperança foi lançado pelo ator e diretor nordestino Paulo Russo para criar o espetáculo Ilhar. Em cartaz de hoje (11/3) a 28 de março no Teatro Caleidoscópio, a peça é resultado de pesquisa realizada na Universidade de Brasília desde 2004, quando Russo era estudante de Artes Cênicas. Na época, ele também participava de um grupo de teatro com a atriz Verônica Moreno, sua conterrânea. Eles compartilhavam histórias que ouviam quando crianças e impressões sobre o clássico da literatura Os sertões, de Euclides da Cunha. Todas essas narrativas inspiraram Paulo a escrever o texto e Verônica, a compor a personagem Antônia.
Na trama, Antônia é uma senhora ranzinza, maltratada pela vida no Nordeste pobre e seco. Sua única companhia é uma imagem de Jesus Cristo, com quem passa horas conversando, lamentando a solidão e recordando a infância com a mãe. Até que a rotina se transforma em inquietação com a chegada de Chico, um menino ávido por encontrar a mãe e por ver a chuva. "É um espetáculo humano e poético. Acredito que os conflitos dos personagens, criados pela diferença de idade, pela fé e esperança, toquem o público", afirma Paulo Russo, responsável ainda pela direção.
Assinado pelos irmãos Adriano e Fernando Guimarães, o cenário reúne objetos como gaiolas, imagens de santos, garrafas e moringa. Mas os elementos principais da peça, segundo o diretor, são a palavra e a interpretação dos atores Wanderson Barros e Verônica Moreno. Em abril, Ilhar será apresentado no Teatro Goldoni (208/209 Sul, Casa D;Itália) e, em maio, entra em cartaz no Espaço Cena, na 205 Norte.
Serviço:
Espetáculo Ilhar. Texto e direção de Paulo Russo.
Desta quinta-feira a 28 de março, no Teatro Caleidoscópio (CSLW 102, bloco C, Galeria, Setor Sudoeste). Sessões quinta, sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 10 anos. Mais informações: 3344-0444.