postado em 11/03/2010 09:40
Assim como José Wilker e Gilberto Gil, o cantor e compositor paraibano Chico César decidiu abrir espaço em sua vida de artista e dedicar parte do tempo ao outro lado da cultura: o administrativo. Desde maio de 2009 secretário da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), o autor de sucessos como Mama África e A primeira vista tem mergulhado a fundo nos meandros governamentais da área no país. O diagnóstico que faz não é dos mais animadores. ;O Brasil precisa sair dessa idade média cultural;, decreta. Um dos convidados da 2; Conferência Nacional de Cultura, evento que reúne até domingo, representantes de diversos pontos do país numa ampla discussão sobre as novas diretrizes para a política no setor, o artista se diz aberto a debates e propostas. ;Vamos levar algumas questões que têm a ver com o acesso à cultura, mas obviamente ouvir as sugestões e as demanda do país todo do setor e nos integrarmos à elas;, avisa.
Animado com a política de democratização ao acesso da produção artística promovida pelo governo Lula, diz que o maior problema da cultura é a falta de verbas e que a lei de direito autoral precisa ser amplamente discutida. ;Quando eu puder ir à Fnac e sair de lá com um iPod sem pagar, aí libero Mama África de graça para todo mundo;, ironiza.
O que o senhor acha de iniciativas como essas da Conferência Nacional de Cultura?
Acho que o Brasil, a partir do governo Lula, da gestão do ministro Gil, que desaguou na gestão do ministro Juca, promoveu uma discussão profunda sobre a questão cultural, a acessibilidade aos recursos que são destinados à cultura. Isso criou, obviamente, uma resistência nos setores mais conservadores que estavam se beneficiando com o modelo anterior, de certa forma ainda praticado, que é esse modelo de balcão de favores ou de negócios.
A reforma da Lei Roaunet tramita no Congresso Nacional nomomento. As mudançaseram pertinentes?
Tinha que mudar completamente, radicalmente, nós vivíamos uma situação de apropriação indébita, de algo que é de todos por um grupo. Era vergonhoso o modo como se praticava. Muitas medidas como o Vale Cultura e o Mais Cultura, que o governo federal já coloca em prática com os governos estaduais e municipais, dentro desse espaço federativo, são exemplos de avanço. É importante que os senadores e deputados entendam a necessidade de o Brasil sair dessa idade média cultural. É importante que a iniciativa privada continue participando mais, que a prática da renúncia fiscal continue. É importante que o empresariado coloque o dinheiro dele mesmo, dos seus próprios lucros.
Na opinião do senhor, quais são os principais problemas enfrentados pela cultura no Brasil?
O principal problema é a falta de verba e que os governos estaduais, municipais e até federais adotem um percentual mínimo de acordo com o tanto de recurso que a cultura gera. A cultura é um produto que gera muita riqueza no Brasil, a parte que os governos investem nesse segmento é pequena, ínfima. É importante ter uma cota mínima nessas três esferas. Depois, é um equívoco pensar que a política cultural é feita para os artistas e não para sociedade. <-- --> <--
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