Irlam Rocha Lima
postado em 17/03/2010 09:00
Léo Gandelman é um dos músicos brasileiros com maior conhecimento do universo do jazz, pelo qual transita com absoluta naturalidade. Na década de 1990, quando morou em Nova York, cumpriu nada menos que seis temporadas, no mítico Blue Note, templo dos jazzistas norte-americanos, no Village. Em seu projeto mais recente, Sabe você (CD e DVD lançados há dois anos), o saxofonista arranjador, compositor e produtor carioca, no entanto, passeia, com desenvoltura, pela praia da canção, tendo como convidados Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Ney Matogrosso.
Primeiro convidado do projeto Brasília, 50 Anos ; Capital do Choro, Léo, sempre preocupado em apresentar trabalhos de qualidade, fez imersão na história do gênero ; gênese da MPB. Depois de profunda pesquisa em livros e discos antigos, chegou a 20 temas, garimpados da obra de mestres como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, K-Ximbinho, Radamés Gnattali, Moacir Santos e Hermeto Pascoal. Tudo para construir o repertório do show.
;Nesta minha pesquisa, que durou dois meses, deparei com choros de impressionante beleza melódica. Embora não tivesse esse intuito, na definição do roteiro, acabei formando um painel representativo do que foi produzido no país, nesta área, do fim do século 19 aos tempos atuais;, revela o instrumentista. ;A partir daí, durante duas semanas, passei a ensaiar de forma quase exaustiva, para não fazer feio diante do exigente público do Clube do Choro;, acrescenta.
Acompanhado pelo grupo brasiliense Choro Livre ; formado por Henrique Neto (violão sete cordas), Rafael dos Anjos (violão seis cordas), Márcio Marinho (cavaquinho) e Tonho Affonso (pandeiro) ;, Léo executará choros clássicos como Brejeiro (Ernesto Nazareth), Lamentos (Pixinguinha), Noites cariocas (Jacob do Bandolim), Brasileirinho (Waldir Azevedo) e Sonoroso (K-Ximbinho). Na mescla, outros menos conhecidos: Teclas pretas (Porfírio Costa), Serenata no Joá (Radamés Gnattali), Anfíbio (Moacir Santos) e O ovo (Hermeto Pascoal).
Bem acompanhado
;Tenho um prazer em enveredar por outras searas. De lá, extrair sonoridades que me permitem fazer acréscimo em meu repertório, exigindo minha técnica, meu exercício interpretativo. Vários desses choros foram criados para instrumentos específicos. Tive que transpô-los para o saxofone ao solar. Conheço os jovens músicos do Choro Livre e estarei bem acompanhado por eles;, afirma.
Léo vê Brasília como um grande celeiro de instrumentistas. ;É impressionante a quantidade de músicos que têm saído daqui e ido para o Rio de Janeiro. Lá, eles conseguem rápida absorção. São profissionais de qualidade. Na minha banda, por exemplo, conto com dois deles: o contrabaixista André Vasconcellos (que integra também o grupo Brasilianos), liderado por Hamilton de Holanda) e o baterista Allen Pontes. De vez em quando, Lula Galvão (violonista e guitarrista) também toca comigo.
No fim do ano passado, Léo gravou em duetos, com as pianistas Maria Teresa Madeira e Estela Galdi, álbum no qual eles interpretam concertos brasileiros. A data de lançamento ainda não está definida. Na sua agenda, consta ainda a participação em concertos, como solista, com orquestras sinfônicas de algumas cidades brasileiras. No ano passado, ele fez quatro apresentações na Rússia, sendo três em Moscou (uma delas num festival de jazz) e outra em St. Petersburgo. ;Lancei em Londres, pelo selo Far-out, a trilha de A estrela solitária, filme sobre a vida de Mané Garrincha. Soube que a repercussão foi muito boa;, comemora.
LÉO GANDELMAN
Show do saxofonista carioca, acompanhado pelo grupo brasiliense Choro Livre, de hoje a sexta-feira, às 21h, pelo projeto Brasília, 50 Anos ; Capital do Choro. No Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Informações: 3224-0599. Não recomendado para menores de 14 anos. <-- --> <--
--> <-- --> <--
--> <-- -->