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Irlam Rocha Lima
postado em 27/03/2010 10:43
Hoje Renato Russo faria 50 anos se a morte não o tivesse levado no auge da fama na manhã de 11 de outubro de 1996. Para Dona Carminha, mãe do poeta-cantor, Junior seria hoje um homem resolvido e plácido, mais dedicado ao cinema e à literatura do que ao rock. Dinho, vocalista do Capital Inicial, prefere lembrar o vigor poético do amigo de tantas aventuras pelas noites loucas de Brasília: ;Tinha um talento muito acima dos demais;. Homenagens são muitas, destacam-se os lançamentos do livro Como se não houvesse amanhã e do CD Renato Russo: duetos (EMI), com a participação de Fernanda Takai, Caetano Veloso, Célia Porto e outros 12 nomes da música brasileira. era como ele cantava; ;Se lembra quando a gente/ Chegou um dia a acreditar/ Que tudo era pra sempre/ Sem saber/ Que o pra sempre/ Sempre acaba...

Aos 50 anos, Renato Russo seria careta, estaria distanciado da música, ligado ao cinema e à literatura e veria o filho como amigoAos 50 anos, Renato Russo seria careta, estaria distanciado da música, ligado ao cinema e à literatura e veria o filho como amigo. Pelo menos é essa a projeção que fazem Maria do Carmo, Carmem Teresa e Giuliano Manfredini, respectivamente mãe, irmã e filho do eterno criador do Aborto Elétrico e da Legião Urbana, um dos nomes fundamentais da história do rock brasileiro.

Catorze anos depois de sua morte, a imagem de Renato continua presente entre os familiares mais próximos, guardiões do legado e do espólio do artista. Eles mantêm viva na memória de quase quatro décadas de convivência com um genial compositor, poeta inspirado e intérprete diferenciado que cantou como poucos a cidade em que morou durante a infância, adolescência e de onde saiu para se tornar um ídolo nacional.

;O Júnior sempre esteve mais próximo de mim do que do Renato (Manfredini, o pai). Mesmo quando estava alterado, recorria a mim, para chorar, desabafar e desculpar-se. E isso ocorria mesmo depois de ele se tornar famoso. Sempre fomos muito próximos um do outro. Com o pai, sempre atento a tudo, era diferente. Não existia uma relação de carinho explícita. Não me lembro de vê-los se abraçando, por exemplo;, recorda-se, emocionada, Maria do Carmo, a Dona Carminha.

Para ela, se o ex-band leader da Legião estivesse vivo e saudável, seria um cinquentão distante da turbulenta relação com as drogas, um pai dedicado e um criador voltado para outras artes. ;A música não seria mais o foco principal da atenção do Júnior. O cinema e a literatura, nesta ordem, estariam ocupando mais o tempo dele. De uma coisa tenho certeza: com inteligência, talento e conhecimento que possuía, continuaria sendo brilhante em qualquer das atividades artística que viesse a se envolver;.

[SAIBAMAIS]Irmã, confidente e cúmplice de Renato Russo, Carmem Teresa, vocalista da banda Tantra, segurou muitas ;barras; do irmão. ;Desde cedo, ele aprontava todas e eu tinha que ficar calada. Conversávamos muito sobre tudo e testemunhei o surgimento de várias músicas dele;, revela. ;Nos últimos anos de vida do meu irmão via-o um tanto quanto desgostoso com a rotina de atividades com a Legião e, principalmente, com a pressão exercida pela gravadora, sempre estabelecendo prazos para a gravação e lançamento de discos.;

Por conta disso, Carmem, a exemplo de Dona Carminha, acredita que, aos 50 anos, a música seria algo secundário na vida de Renato. ;Imagino-o dirigindo filmes, até porque o cinema era uma das suas paixões; e, quem sabe, dedicando-se à literatura, mas sempre exercitando a reflexão. As novas mídias, certamente, o teriam como usuário, ele sempre foi muito curioso.;

Aos 20 anos, Giuliano Manfredini tem a figura do pai como um emblema. ;Ele está presente em minha vida de forma total e absoluta. Sempre que tenho que tomar alguma decisão, resolver alguma coisa, converso comigo mesmo, como se estivesse conversando com ele. Mesmo com 30 anos de diferença de idade, se ele estivesse vivo, não tenho dúvida de que teríamos uma relação de amigos, muito mais do que a de pai e filho.;

;A música não seria mais o foco principal da atenção do Júnior. O cinema e a literatura, nesta ordem, estariam ocupando mais o tempo dele;
Maria do Carmo Manfredini, mãe de renato russo

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