postado em 30/03/2010 10:01
Premiações de melhores do ano da tevê promovidas pelas próprias emissoras são, no mínimo, questionáveis. Apresentado desde 1970 por Silvio Santos, o Troféu Imprensa, apesar de todos esses anos, parece não ter entre os próprios artistas importância de grande prêmio ; como o Oscar para os norte-americanos. Muito menos entre o público. Nos últimos anos, o Domingão do Faustão tem realizado sua premiação também, mas não disfarça: é para promover os artistas e produtos da casa, ou seja, da própria Globo. Como se não fossem suficientes os elogios exagerados distribuídos a roldo pelo apresentador, ao longo do ano, a quem a lhe aparecer pela frente no palco de seu programa dominical.
Coincidência ou não, no último domingo foram feitos os anúncios dos vencedores nos dois prêmios. No quesito credibilidade, o Imprensa tem suas vantagens. É votado por jornalistas convidados e a escolha é gravada e apresentada pela tevê. Além disso, não se restringe a premiar os contratados da emissora de Silvio Santos. No da Globo, a escolha é feita pelos telespectadores via internet, dando margem a dúvidas dos mais céticos ; aqueles mesmos que não acreditam que as eliminações do Big Brother Brasil sejam realmente decididas pelo público.
Seja como for, pelo que foi mostrado no domingo, está mais do que certo de que esses prêmios servem mais para sublinhar a popularidade já alcançada por certos artistas e produtos do que propriamente como reconhecimento de qualidade ; no que pese o talento de muitos dos vencedores. Tomemos por exemplo Você não vale nada, da banda Calcinha Preta, que levou o título na categoria de música em ambas as premiações. Quer dizer, os troféus ratificam o óbvio, já que o tema de Norminha (Dira Paes) em Caminho das Índias, da Globo, tocou até não poder mais e esteve na boca do povo. Música do ano, pode ser. Melhor do ano, nunca.
E o que dizer do prêmio de melhor cantor para o padre Fábio de Mello e o de melhor cantora para Claudia Leitte, como aconteceu no Faustão? Nisso, os jornalistas convidados de Silvio Santos discordam do público da Globo. Escolheram Roberto Carlos e Ivete Sangalo, respectivamente. Ainda no campo da música, o Faustão premiou Victor e Léo na categoria grupo/banda ou dupla e o Imprensa foi dividido entre NXZero e Skank. No programa da Globo ainda teve um vencedor na categoria revelação musical, Luan Santana. Diante desse cenário, seria mais justo dizer que os prêmios vão para ;os mais populares em 2009; e não para ;os melhores;.
Mas se esses troféus têm alguma serventia é a de destacar os atores de telenovelas. Esse produto que se tornou, no Brasil, um mercado de valor incontestável para atores, diretores, roteiristas, cenógrafos, compositores de trilhas, diretores de arte e outros tantos, ainda carece de um prêmio que realmente traduza seu peso e importância na cultura e na economia nacionais. Premiações de maior crédito, como a promovida pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), têm pouca repercussão junto ao grande público. Daí que as duas anunciadas nas tardes de domingo, em dois dos programas de maior audiência em todo o Brasil, preenchem, de forma enviesada, a função.
O Faustão, talvez para não ferir suscetibilidades, não escolhe a melhor novela. O SBT sim. O Troféu Imprensa foi para Caminho das Índias. Também foram premiados, no programa da Globo, Alinne Moraes (atriz, Viver a vida), Eriberto Leão (ator, Paraíso), Adriana Birolli e Mateus Solano, (atriz e ator revelação, Viver a vida), Bruno Gagliasso e Dira Paes (ator e atriz coadjuvantes, Caminho das Índias). No SBT, os prêmios nas categorias de ator e atriz foram para Tony Ramos (por Caminho das Índias) e Lilia Cabral (por Viver a vida) e Mateus Solano repetiu o título de revelação do ano. Divergências à parte, todos merecidos. E dão algum sentido aos Melhores do Ano do Faustão e o Troféu Imprensa. <-- --> <--
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