Diversão e Arte

Almanaque compila verbetes e imagens de mais de seis décadas de desenhos animados

postado em 04/04/2010 13:59
Como é comum na infância de muita gente, quando criança, o jornalista mineiro Paulo Gustavo Pereira passou muito tempo diante da televisão assistindo a desenhos animados. Na verdade, devorando tudo que podia, fossem filmes, seriados ou desenhos - hábito que mantém, sempre que a rotina permite, até hoje. Já adulto, ele trabalhou tanto na produção de programas de tevê quanto em publicações voltadas para esses assuntos. Atual editor da revista Sci-Fi News (sobre ficção científica), Paulo Gustavo finalmente teve a oportunidade de concentrar quase todo o seu conhecimento sobre animação em um livro. Lançamento da Matrix Editora, Animaq - Almanaque dos desenhos animados apresenta um vasto panorama sobre o tema, com centenas de verbetes e imagens. Série de animação Os Jestons: volta à infânciaDiante de um universo gigantesco, o autor teve de optar por um recorte. Estão no livro apenas os desenhos seriados de curta-metragem feitos para a televisão ou, no caso dos mais antigos, veiculados originalmente no cinema e depois exibidos na telinha. A lista também se restringe aos desenhos animados já transmitidos no Brasil. Ainda assim, foram necessárias mais de 300 páginas para falar de tudo - mesmo que algumas produções tenham ficado de fora. No texto de introdução, o jornalista comenta brevemente essas ausências e reforça que o objetivo do livro é resgatar parte da história da tevê - que passa necessariamente pelos desenhos animados. O almanaque é pontuado por textos sobre a história e os principais estúdios de animação, além de diversas curiosidades (como as versões em português de diversos temas musicais de abertura). Os capítulos são divididos pela década de produção da série e não pelo período no qual ela foi exibida no Brasil. Seguindo essa linha cronológica é possível traçar uma linha evolutiva dos desenhos animados. Os dois primeiros títulos apresentados no livro, Betty Boop (1930) e As aventuras do Super-Homem (1941), ainda hoje impressionam pelas técnicas utilizadas na animação que deixavam os movimentos dos personagens bastante realistas. Essa sofisticação contrasta com a leva de desenhos surgidos na década de 1950, mais simples e com um apelo de público maior (visando principalmente as crianças), caso de Dom Pixote, Faísca e Fumaça, Jambo e Ruivão, Pepe Legal e Babalu, Pica-pau e Super Mouse. Os anos 1960 viram surgir uma infinidade de novas séries, muitas delas populares e cultuadas até hoje. O leque de cenários se ampliou, ainda que os gêneros humor e aventura polarizassem a temática da maioria das produções. Foi nessa década que muitos dos sucessos do cinema de animação chegaram à televisão (O show do Pernalonga e Gasparzinho, por exemplo) e muitos dos personagens dos quadrinhos ganharam versão animada (Os Quatro Fantásticos, Homem-Aranha%u2026). Foi também nos anos 1960 que os Estúdios Hanna-Barbera se consolidaram e lançaram várias de suas mais famosas criações (Flintsones, Jetsons, Corrida Maluca, Manda-Chuva, Johnny Quest, Scooby-Doo, Zé Colmeia e muitos outros). Tecnicamente, os desenhos do período têm um design mais arrojado, mas a animação continua simples (para baratear e viabilizar a produção). Desenhos japoneses, como Speed Racer, começaram a ser exportados para o Ocidente. Analisando os desenhos dos anos 1970, percebe-se uma ligeira evolução na animação. Mas o conteúdo das séries é muito parecido com os da década anterior. Os Super-Amigos, Tutubarão, Capitão Caverna e Patrulha Estelar são alguns destaques da época. Diante da tevê nos anos 1980, as crianças puderam testemunhar não apenas desenhos mais bem- feitos, mas uma maior variedade de traços e estilos. He-Man, Thundercats, Os Smurfs, G.I. Joe, Cavalo de Fogo, Duck Tales, Ursinhos Carinhosos e Caverna do Dragão são apenas alguns dos muitos sucesso produzidos durante os anos 1980. Ícone do anos 1990, Os Simpsons surgiram em 1989. Diversidade O potencial visto na década anterior continuou ao longo dos anos 1990. Ou seja, mais diversidade de estilos, designs e abordagens. Progressivamente, foram surgindo desenhos que visavam um público mais maduro, caso da série do Batman surgida em 1992, O Crítico, de 1994, e South Park, de 1997. As animações feitas por computador começam a se tornar mais frequentes e entra em cena o canal pago Cartoon Network. Ler Animaq é voltar à infância e relembrar seus desenhos favoritos. Mas esse efeito é causado mais pela memória afetiva do que pelo próprio livro - e teria como ser diferente? O problema é que as páginas são em preto e branco, há imagens em baixa resolução e a diagramação pouco atraente Ainda que os verbetes sejam ricos em informação (muitos são, outros informam apenas o básico), e justifiquem o livro, difícil não se decepcionar com seu visual.

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