postado em 07/04/2010 08:26
Para fazer arte é preciso pouco. Parede, chão e tinta nas mãos bastam. Em um vão de 20 metros de comprimento por 6 metros de largura, tudo foi pintado de preto. As pessoas, com os pincéis, surgiam delineando o contorno de seus próprios corpos. Um perto do outro, em cima do outro, se misturando. Depois vieram grafismos, cores, texturas. Tudo se misturou e virou uma obra de arte coletiva.
A partir de amanhã, esse vão estará aberto a quem quiser caminhar sobre a obra. A exposição de arte contemporânea À deriva(1) poderá ser visitada até 23 de abril, no Ateliê 27 ; que fica nos fundos do terreno onde mora o artista e coordenador do espaço, Marco Aurélio Tavares, o Lelo.
Foi dele a ideia de instigar o grupo de 18 artistas plásticos(2) que fazem parte do espaço. ;Acredito que a sua família é o mundo. A irmandade aumentou muito nos últimos anos, principalmente com a internet. Nós aqui no ateliê trabalhamos há pelo menos cinco anos e sempre realizamos exposições coletivas. Mas isso significa cada um trazer um fragmento do seu trabalho e expor. Quis fazer uma mostra realmente coletiva;, explica.
Vivência da criação
Para tanto, Lelo usou como pano de fundo para a criatividade dos artistas a cor preta. ;Preto como o caos, já que do escuro vem a luz. Os artistas, então, vieram pintando o contorno do próprio corpo. Isso porque somos duros, presos a nossas ideias e, dessa forma, nos vimos nos misturando. Depois, a arte foi se construindo sem rumo. É essa a convivência no mundo. Tivemos uma vivência de criação;, acrescenta.
Por quatro meses, os artistas se sujaram, sujaram paredes e chão sem limitações. ;Desde criança ouvimos que não podemos sujar a parede de casa. Fizemos essa quebra, aumentamos o gestual, saímos da tela;, diz Lelo. Da mistura de concepções e gerações ; os 18 artistas transitam entre o moderno e a vanguarda, entre pessoas jovens e adultas ; nasceu a arte.
O que, para Lelo, traduz a vivência do mundo nos dias de hoje. ;Convivemos com pessoas e universos diferentes e temos que respeitar e transformar isso em outra coisa. Acho que foi o que fizemos nesta exposição. Desfizemos o contorno de cada um e juntamos tudo, fizemos uma mistura. A gente se misturou. O principal em nosso trabalho era obedecer a intuição;, completa.
E, justamente, pelo objetivo de mostrar pintura e ideias de tanta gente diferente, em um espaço democrático, é que Lelo incentiva a visita de alunos e professores das escolas do Distrito Federal. ;As pessoas vão poder caminhar livremente dentro da obra, buscar os pedaços de que mais gostaram, que se identificaram. As crianças vão ver que pode até lembrar algo como a pichação. Mas verão que dentro de outro contexto, com cores e texturas, fica tudo interessante. Temos no ateliê uma união de todas as linguagens.;
1 - Sem rumo
O nome da exposição também tenta retratar a intenção do idealizador. ;Foi no intuito de entrar num processo de construção de obra sem definir essa obra. É comum o artista planejar seu trabalho, a ação dele, ter uma meta de onde chegar. Aqui, peguei os artistas desprevenidos e, de repente, fizemos uma bela obra.;
2 - Quem participa
A mostra reúne os artistas Angélica Kato, Antônio Joffily, Cida Uessugui, Cristina Koslowski, Gaída Cortes, Gilma Araújo, Inês Maria, José Carlos Menezes, Kátia Pereira, Lelo, Liana d;Abreu, Liana Kitsuta, Luci Costa, Márcia Bandeira, Marie de Bodet, Selma Guimarães, Sônia Motta e Viviane Quintas.
À DERIVA
Abertura hoje, às 19h. Visitação de amanhã a 25 de abril, das 14h30 às 18h, no Ateliê 27 (Condomínio Mansões Itaipu, Casa 27G , Lago Sul). <-- --> <--
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