postado em 07/04/2010 08:34
Modelo do artista plástico e professor da UnB Pedro Alvim, Brasília mostrou um lado pouco comum para inspirá-lo em criações que acabam de sair do ateliê. Nada de ângulos monumentais, curvos, retos e de face da cor de concreto. A cidade que se desnuda diante do pintor é formada por lugares desolados, edifícios cercados por extensões desérticas, terrenos esburacados, em que serão construídos prédios: ;A escolha dos lugares conta muito para mim. As paisagens parecem de certa maneira adquirir características humanas, uma personalidade ou serem assombradas. Isso acontece também com os cenários das tramoias;, revela Pedro Alvim.
São 25 telas. Boa parte produzida em 2008 e ampliada para ser exposta a partir de hoje no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na mostra Paisagens e tramoias. Como o próprio nome da exposição sugere, as pinturas reproduzem locais de Brasília, mas não típicos. A maior parte é de terrenos baldios, prédios em construção e lugares desconhecidos da cidade. ;Nas pinturas entra, assim, um aspecto de memória, de reconstrução, e com isso, de simplificação e idealização também. Mas isso existe até nas pinturas feitas in loco, pois, mesmo com modelo exterior, sempre há um aspecto de síntese e idealização;, conta.
Já as tramoias são referências àquele maquinário do teatro, que fica localizado por trás do palco, sustentando a troca de cenários e efeitos visuais. Contribuem para gerar uma ;atmosfera; e uma ambientação nas peças, ou seja, produzindo efeitos ilusionistas nos espectadores. ;Parto desse tema para pintar interiores imaginários, cenários meio labirínticos em que objetos estranhos contracenam uns com os outros de forma dramática. Essa coisa da tramosia cria um efeito visual bem interessante. Metade das pinturas da mostra tem esse dispositivo de criar uma ilusão. É uma espécie de teatro, meio filosófico, porque as pessoas precisam de mecanismos de ilusão para sobreviver;, argumenta o artista.
Pedro Alvim é carioca e filho do poeta Chico Alvim. Graduou-se artista plástico pelo Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB), onde atualmente é professor de história da arte e de pintura. Também graduado em filosofia, pela Universidade de Brasília, mestre em história da arte e da cultura pela Unicamp e doutor em história da Arte pela Universidade de Paris I, o artista plástico expõe desde 1985 em diversos espaços de Brasília e também no Rio de Janeiro. Essa é a sua terceira mostra individual.
PAISAGENS E TRAMOIAS
Abertura, hoje, às 18h30. Em cartaz até 28 de abril, de segunda a sexta, das 9h as 19h, no Espaço Cultural do STJ (Qd. 6, Lt. 1, Tc. 3).
Informações: 3319-8460. Entrada franca. <-- -->