Diversão e Arte

O brasiliense Rojer Madruga prepara-se para rodar dois novos filmes

Ricardo Daehn
postado em 09/04/2010 07:00
Rojer: parceria com Pedro Lacerda e Pedro AnísioPromessa da Seleção Brasileira, no começo dos anos 1980, o então nadador Rojer Madruga, atualmente, passa por uma fase encorajadora, que suscita a comparação com a antiga disciplina nas piscinas. ;Fui atleta por muitos anos. Como nadador, participei de campeonatos pan-americanos. O atleta não tem, necessariamente, uma linearidade na evolução: num dado momento, ele dá um pulo;, explica o produtor cinematográfico, que é irmão de Djan Madruga, um dos maiores nadadores da história do Brasil. Com mais de 30 filmes produzidos, ele engata dois longas consecutivos, a serem feitos pelos diretores Pedro Lacerda e Pedro Anísio. Primeiro longa-metragem de Pedro Anísio, Signo de ouro (a ser rodado em 2011), já movimenta o produtor, que está em Buenos Aires (Argentina). ;Fomos pré-selecionados por uma entidade espanhola (Egeda), num concurso e contaremos (por meio virtual) com um consultor de roteiro e outro de produção. Vamos formatar, até julho, o projeto que será analisado no Festival de San Sebastián;, explica o carioca Madruga, há 19 anos radicado em Brasília. Integrar a equipe do longa-metragem Signo de ouro dará oportunidade para Rojer Madruga exercer a atividade de diretor de fotografia, na qual foi reconhecido com prêmios para os curtas-metragens Mamãe tá na geladeira (no Festival de Cinema Brasileiro de Miami) e 100 anos de perdão (em 2000, no Festival de Brasília). A passagem por Buenos Aires traz ainda o gosto de celebração, já que Rojer acompanhará a exibição de Tudo é Brasil (no qual foi produtor executivo), de Rogério Sganzerla, homenageado no festival portenho Internacional de Cinema Independente, evento que terá projeção de O signo do caos. ;No filme O signo do caos (também de Sganzerla), levei crédito de câmera, mas as sequências feitas na Chapada dos Veadeiros fui eu que fotografei. Apesar de não conviver tanto com o Sganzerla, fizemos algumas viagens para Nova York e para Cannes. Ele era brilhante: numa simples conversa, você via como era cativante e inteligente;, relembra. No DF, a admiração de Rojer Madruga estende-se ao trabalho ;honesto e autêntico de Affonso Brazza;. A identificação com o cineasta-bombeiro está nas dificuldades do período de entressafra, no qual o dinheiro depende da locação de equipamentos de cinema. Daí, a luta pela profissionalização do mercado local despontar como uma bandeira. O produtor ajudou na finalização de Fuga sem destino após a morte do cineasta-bombeiro. ;Ele realizava tudo com orçamentos baixos e, mesmo com as improvisações, sabia o que estava fazendo. Brazza não era nada bobo: seguia um método, e o coloco como uma referência, sim;, comenta. Set montado Com o início das filmagens marcado para o próximo dia 15, Vidas vazias e as horas mortas, o primeiro longa-metragem de Pedro Lacerda, trará imagens da Rodoviária do Plano Piloto, da W3 Sul e de Sobradinho (Vila Rabelo e Fercal). Com logística de produção montada no Polo de Cinema e Vídeo Grande Otelo, o filme ; orçado em R$ 600 mil (assegurados por seleção Fundo de Apoio à Cultura/FAC de 2008) ; será uma tragicomédia. ;O longa trata de dois cearenses que, vindos a Brasília ao final dos anos de 1950 para trabalhar na construção da capital, se perdem: Saul fica no Distrito Federal, enquanto Jacó parte para São Paulo para se tornar vendedor ambulante;, adianta o baiano Pedro Lacerda, há 42 anos radicado na capital. Com três curtas-metragens no currículo, além da finalização do último longa assinado por Affonso Brazza, Pedro Lacerda pretende se valer de elenco local, que inclui André Deca, Andrade Júnior, Murilo Grossi e Renato Mattos. Na obra, existirão histórias paralelas que incluem um policial chamado Pontaria, traficantes e uma senhora que atende por Dona Maria. ;O irmão mais novo de Saul e Jacó, que é completamente ingênuo e não tem mais nada a perder, é incumbido pelo pai adoentado de achar os irmãos e tentar uma reunião entre todos;, conta Lacerda. Militante cultural Aos 46 anos, a militância cultural de Rojer Madruga (que independe de partido, na opinião dele) tem compensado. ;Sempre tive problemas com as constantes reivindicações na cidade. Mas, se a gente não se posicionar, não fazemos evoluir as circunstâncias. As mudanças que estão por vir na Secretaria de Cultura podem trazer pessoas com maior afinidade junto ao segmento cultural. Com o novo governo que está sendo configurado, esperamos maior estabilidade na pasta da secretaria de Cultura. Falta estrutura que dê continuidade aos bons projetos;, opina. Recentemente, ele colocou até advogados em ;processo; contra a Secretaria de Cultura, que indeferiu todos os projetos de fomento em longa-metragem do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) 2009. ;Nesse caso, havíamos ganhado no mérito cultural, mas fomos reprovados nos trâmites burocráticos;, conta o produtor. Como produtor, Madruga se vê como ;o braço direito do diretor;. ;Minha função é a de viabilizar roteiros. Transferir o que está no papel para as latas de filme, que são projetadas nas salas de exibição. O produtor toca projetos, respeitando prazos e verbas, e atua para preservar o conceito original do diretor, até a distribuição do filme;, explica. ;Cinema é um vírus. Sempre tive vontade de fazer: quando estudei psicologia (em Indiana) gostava demais das aulas de história da arte e da música, além das aulas de cinema;, conta. Depois da temporada nos Estados Unidos, a vontade de estar nos sets foi insuflada pelo curso na Escola Superior de Propaganda e Marketing e com a função de assistente de câmera em comerciais. Agora, o antigo nadador de destaque internacional só quer saber da tela de cinema: ;A expectativa é de manter esse ritmo. Fazer um longa atrás do outro, depois de tantos curtas, marca realmente uma mudança;. Ouça entrevista com Rojer Madruga

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