Diversão e Arte

Antes da continuação de Avatar, James Cameron vai à Amazônia filmar documentários em 3D

A experiência do cineasta no ramo promete um espetáculo visual

postado em 16/04/2010 08:15
Tente esquecer o James Cameron que você conhece. O cineasta apaixonado por filmes de fantasia, que comanda superproduções como O exterminador do futuro e Aliens - O resgate, tirou férias. Nos próximos meses, o mestre dos efeitos visuais será substituído por uma persona menos conhecida do canadense: o repórter aventureiro, especialista em investigações sobre o mundo natural. As duas facetas do artista convivem pacificamente. Mas nem sempre foi assim. Entre Titanic (1997) e Avatar (2008), o documentarista exigiu dedicação exclusiva. Agora, o comichão da realidade volta a agir. A missão urgente do explorador (como ele próprio se define) é se embrenhar na Floresta Amazônica e contar as histórias dos índios brasileiros. "Depois de Titanic, fiz oito anos de exploração subaquática e dirigi quatro documentários sobre o tema. Sempre com equipes pequenas, sem muito dinheiro. Quando fico muito curioso e emocionado, tenho que expressar esses sentimentos nos meus filmes de alguma forma", explicou o diretor, em visita a Brasília para participar de protesto contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Acompanhado dos atores Sigourney Weaver e Joel David Moore, o recordista de bilheteria provocou certa polêmica ao meter o bedelho no plano energético do governo Lula. Mas, atento à causa, confirmou que vai filmar documentários em 3D na região do Rio Xingu. A jornada brasileira de Cameron começou com um convite da organização ambiental Amazon Watch, sediada na Califórnia, para conhecer as comunidades que serão afetadas pela construção da usina brasileira. A proposta soou irrecusável para um autor que, em Avatar, narrou uma fábula ecologicamente correta sobre os conflitos entre o poderio industrial e o povo azul de Pandora. "Vocês podem se perguntar: o que este estrangeiro tem a dizer sobre problemas brasileiros? Nos Estados Unidos, vários povos indígenas foram destruídos. Sempre me preocupei com a questão. Avatar fala sobre a colisão entre tecnologia e natureza. É meu filme mais pessoal", afirmou. Para o mundo A meta é assumidamente política. E, claro, com um quê de entretenimento. Depois de tirar uma temporada de folga com a família, Cameron vai usar a tecnologia 3D para mergulhar os espectadores no cotidiano dos índios. "Quero mostrar essa história para o mundo", planeja. Que o público espere por um espetáculo visual. Há 10 anos, o diretor produz documentários com estofo científico e imagens deslumbrantes. É o caso de Criaturas das profundezas (2005), que desce ao fundo de oceanos à procura de seres exóticos, nunca antes filmados. Após Titanic, o interesse pela vida marinha o instigou de tal forma que o cineasta desenvolveu equipamentos especiais para filmagem subaquática. O inventor não descansou. A experiência colaborou para a criação técnica de 3D que tornou possível o universo fantasioso de Avatar. Na viagem mais recente ao Brasil, a comitiva de Cameron divulgou o lançamento do longa-metragem mais recente no mercado de DVDs e do Blu-ray, programado para 22 de abril (o Dia da Terra). A tendência é que o diretor bata um novo recorde. Nos cinemas, o filme já arrecadou US$ 2,7 bilhões. Antes de chegar às lojas, já foram vendidas 400 mil unidades de DVDs e 35 mil de Blu-rays. O homem da fantasia novamente saiu vitorioso. Mas, pouco disposto a falar sobre cinema, o diretor preferiu comentar a realidade. Depois de plantar uma muda de pau-brasil no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, veio à capital e, em seguida, retornou à Amazônia, onde esteve há duas semanas. "Fiquei muito comovido com as histórias que ouvi no Brasil. Produzir documentários sobre o tema virou uma questão pessoal", contou. Em esquema independente - sem roteiro e com poucos técnicos -, Cameron quer que os índios o ajudem a descobrir o filme (ou os filmes) que procura. Logo depois, vai começar as filmagens da continuação de Avatar, que se passará no fundo do mar. Imagens aéreas da Amazônia podem ser usadas no longa-metragem, programado para chegar às telas em três anos. "Prometo não deixar os fãs do filme ou a equipe me esperando por muito tempo", garantiu. A ficção o aguarda. No entanto, o cronograma deixa claro que, para o documentarista Cameron, o chamado da natureza é uma ordem. As principais missões de James Cameron no mundo dos documentários EXPEDITION: BISMARCK (2002) Depois de mergulhar em busca dos vestígios do Titanic, Cameron reúne a equipe da produtora Earthship.tv para desvendar os mistérios do Bismarck, um navio alemão que, atingido durante uma batalha, naufragou no Oceano Atlântico em 1941. Exibido no Discovery Channel e lançado em DVD, ganhou um Emmy. Dirigido com Gary Johnstone. GHOSTS OF THE ABYSS (2003) Ainda fascinado pelos detalhes históricos que pesquisou à época da produção de Titanic, o cineasta retorna ao local onde a embarcação afundou para encontrar detalhes inexplorados do desastre. Não está só. Acompanhado por especialistas, filma a carcaça com câmeras 3D. O objetivo: permitir que o público se sentisse um integrante da expedição. Lançado nos cinemas norte-americanos na tela gigante Imax. CRIATURAS DAS PROFUNDEZAS (2005) Disponível em DVD no Brasil, Aliens of the deep mostra o espírito destemido do diretor: na liderança de um time de jovens cientistas da Nasa e de biólogos, sai à procura de criaturas exóticas que, para os pesquisadores, representam a vida que possivelmente existiria em outros planetas. O filme foi rodado nos oceanos Atlântico e Pacífico com tecnologia 3D. EXPLORERS: FROM THE TITANIC TO THE MOON (2006) Na saga aquática do diretor, Explorers é um respiro poético. Cameron convida o astronauta Buzz Aldrin, veterano da Apollo 11, para uma jornada em um submarino. Em homenagem ao autor de ficção científica Júlio Verne, eles trocam impressões sobre o espírito de exploração e os mistérios do mar e do espaço. THE EXODUS DECODED (2006) Antes de produzir a série The lost tomb of Jesus, exibida no Discovery Channel, Cameron iniciou a parceria com o diretor Simcha Jacobovici nesta provocação religiosa que investiga os eventos bíblicos descritos no Êxodo. Cientistas, teólogos e acadêmicos jogam lenha na fogueira cristã. Episódios religiosos são recriados com efeitos de computador.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação