Diversão e Arte

Caldeirão de utopias

Exposição conta a história das artes plásticas em Brasília, acrescida de trabalhos inéditos

Nahima Maciel
postado em 19/04/2010 07:00
No início, a utopia imperava em todos os cantos. A cidade que brotava do chão trazia também a intenção artística. Brasília era arquitetura e arte moderna. Niemeyer assinava os prédios, Brecheret, Ceschiatti, Bruno Giorgi, Athos Bulcão e outros tantos assinavam as obras plantadas aqui e ali. A mesma perspectiva utópica da construção da capital contaminou as artes visuais. Em 1962, o então recém-criado Instituto Central de Artes (ICA) levou para dentro da Universidade de Brasília (UnB) alguns dos melhores artistas do país para fundar um curso ancorado numa visão nada acadêmica do ensino da arte. Muitos frutos foram gerados ali e é o conjunto de particularidades que formam a história da arte na cidade que a curadora Denise Mattar decidiu contar em Brasília: síntese das artes. A exposição, a maior já realizada sobre o tema na capital, começa em 1958 e segue até 2010, com três núcleos que procuram abarcar desde a arte vinda de fora nos primeiros tempos até a produção local atual e suas especificidades. ;Me dei conta que Brasília tem uma produção particular e curiosamente intimista;, repara a curadora. Denise se encantou com a ideia de contar a história das artes plásticas em Brasília há quatro anos, quando montou a mostra O olhar modernista de JK na Câmara dos Deputados. ;No final da exposição eu falava sobre a importância da arte brasileira em Brasília. Depois, um dia, o Luiz Áquila (artista plástico) me contou a história do ICA e fiquei com isso na cabeça;, conta. Áquila é filho de Alcides da Rocha Miranda, o idealizador da primeira configuração da Faculdade de Artes da UnB. ;E aí me dei conta de uma coisa fantástica que o JK fez. Fez exatamente o que tinha feito em Belo Horizonte com a Pampulha, trouxe uma quantidade grande de críticos para ver a cidade.; Em 1959, o crítico Mario Pedrosa decidiu realizar o Congresso da Associação Internacional dos Críticos de Arte na nascente Brasília. Desembarcaram no imenso canteiro de obras nomes como o historiador Giulio Carlo Argan, o arquiteto modernista Richard Neutra, o pintor argentino Tomás Maldonado e o arquiteto italiano Bruno Zevi, importante teórico da arquitetura modernista. O congresso e a fundação do ICA serviram de base para Denise montar Brasília: síntese das artes. Veja ao lado o que encontrar em cada núcleo da mostra, que ocupa duas galerias e um espaço improvisado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). 1 - BRASÍLIA: SÍNTESE DAS ARTES Coletiva com curadoria de Denise Mattar. Abertura hoje, às 20h. Visitação até 27 de junho, de terça a domingo, das 9h às 21h, no Cento Cultural Banco do Brasil (CCBB ; SCES, Tc. 2, Conjunto 22). Leia a matéria completa na versão impressa do Correio Ouça áudio da entrevista com a curadora Denise Mattar

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