Diversão e Arte

Moby é a estrela de evento ecológico que balançou a Esplanada em 10 horas de programação eletrônica

postado em 19/04/2010 01:37
Uma multidão de 30 mil pessoas lotou a área externa do Museu Nacional Honestino Guimarães no sábado, durante evento que promovia a preservação do cerrado. O tema, infelizmente, passou quase despercebido durante o Celebrar Brasília. O público queria mesmo era dançar ao som de música eletrônica, que desde as 18h ecoava na Esplanada dos Ministérios, enquanto aguardava pela grande atração da noite. Brasília foi a primeira cidade a receber a turnê brasileira Wait for me de Moby, o músico, DJ e ativista nova-iorquino que desde os anos 1990 transforma a música eletrônica em meio de mobilização.

A vinda do astro norte-americano pela primeira vez à cidade provocou a presença massiva de brasilienses, que aproveitaram o acesso livre para curtir a celebração. Parte do público ficou longe do palco, separado por uma área VIP com capacidade para sete mil pessoas, que pagaram R$ 13 pelo passe, quantia revertida para a plantação de mudas no Cerrado.

E se a multidão deixou seu rastro nada ecológico ; papéis, alimentos e muito caco de vidro estavam no local ainda na manhã de domingo ; o tema paz e amor também foi quebrado na entrada da área VIP. Assim que Moby subiu ao palco e ecoaram primeiros acordes de A seated night, música do último CD, Wait for me, os afoitos VIPs que ainda estavam na área comum forçaram a entrada e causaram confusão com os seguranças por, aproximadamente, 15 minutos, quando o ingresso foi normalizado.

Para um show esperado como eletrônico, Moby derrubou a primeira ilusão do público com rock. Utilizando bem o palco e interagindo com a multidão, o astro se apresentou acompanhado de cinco músicos, munidos de bateria, baixo, violino e sintetizador.

Enquanto Moby alternava entre guitarra e a percussão, a cantora Inyang Bassey roubava a cena. Convidada para interpretar vozes femininas na turnê, ela assumiu com personalidade músicas como Dance lies e Why does my heart feel so bad. Flower e Natural Blues foram destaques à parte, quando a performace da cantora evidenciou o clima soul de alguns trabalhos de Moby, inspirados nos hinos do negro spiritual norte-americano. Kelli Scarr, que até metade do show comandava os sintetizadores, foi ao microfone em Pale horses e Natural blues.

Show único

;Peço desculpas se sou um americano e não falo bem português, mas parabenizo Brasília pelo aniversário;, declarou o músico. A alegria de tocar na cidade pensada pelo ídolo Oscar Niemeyer estava explícita em Moby, que aproveitou as projeções na parede do museu para ver ampliado o boneco Little Idiot, alienígena símbolo do último CD.

Após elogiar a cidade, Moby tocou Porcelain, que serviu como uma homenagem a Brasília, enquanto dançarinas vestidas de branco surgiram penduradas por cabos de aço sobre o público, jogando papéis brilhantes e dando cambalhotas no ar.

Outros tributos marcaram o show. O músico cantou Walk on the wild side, de Lou Reed, em tom melancólico, e a definiu como música que melhor expressa a sua cidade natal. Feeling so real, um dos sucessos de Moby que dominou raves, surgiu numa charmosa bossa nova, cantada por uma Inyang Basey vestida com a bandeira do Distrito Federal. Em um cover inesperado, Whole lotta love, hit da banda britânica Led Zeppelin, ficou reservado para o retorno ao palco, durante o bis. A canção, mesclada entre os sucessos In this world e Honey, não deu tempo para o público respirar e mostrou que, mesmo em fase melancólica marcada pelo disco Wait for me, Moby é o mesmo DJ que balançou a geração jovem dos anos 1990.

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