Diversão e Arte

A morte serena do Simply Red

postado em 20/04/2010 07:00 / atualizado em 28/09/2020 15:24

O vocalista Mick Hucknall tinha prometido um show-celebração para comemorar os 25 anos e a anunciada despedida do Simply Red. No entanto, pouco mais de meia hora de espetáculo iniciado, e o clima era de um adeus comedido, uma saída quase à francesa. Ele, de paletó, colete e camisa tom sobre tom marinho. Os fãs, admirados, seguiam sentados na área frontal, bailando as mãos na pista ou entretidos entre as iguarias árabes e as canções no camarote VIP. Mas eis que o cantor olha para o céu. Parece buscar e admirar estrelas. Ops, estrelas? Nem deu tempo de matar a charada e os acordes do megassucesso Stars ecoaram na área montada no Pontão do Lago Sul. Acabou a atmosfera ;concertos para a juventude;. O povo abandonou as cadeiras numeradas, acumulou-se no gargarejo e o Simply Red explodiu no palco. Mick Hucknall ficou leve e solto no palco ao emendar sucessosNesse momento, o visual sisudo de Mick Hucknall estava desmantelado. Do traje bem-comportado, restava a camisa azul desabotoada acima e abaixo, deixando à mostra até o umbigo do ídolo pop. Os maiores sucessos eram enfileirados. Plateia e banda se tornaram uma coisa só. Mick soltou mais os movimentos, brincou com quem o olhava apaixonado (eram muitos os casais), reverenciou as 4,8 mil pessoas (segundo os organizadores). No palco, exibiu a boa fase de intérprete, que seguirá com naturalidade a carreira solo. ;São 25 anos de música;, anunciou. Quando cantou If you don;t know me by now, no segundo bis, Mick Hucknall tinha cumprido a promessa de brindar um quarto de século de uma banda que, apesar de ter nascido no auge dos 1980, não datou. O show terminava aí, com a balada cantada em êxtase e em coro, e deixava a sensação de que o Simply Red fazia a ;passagem; desta para a melhor com frescor, ao flertar o pop-rock com o soul e o jazz. Por conta disso, os obrigatórios sucessos, agrupados na segunda metade da apresentação, não ficaram com aquele habitual cheiro de naftalina ; típicos dos shows e festas anos 1980. Hoje, distanciadas pelo tempo, algumas canções do Simply Red parecem, no máximo, ingênuas. Mick Hucknall renasce solo com essa trajetória cravada no corpo. Mas promete fazer caminhos diferenciados. A primeira parte da turnê de despedida diz muito sobre essas possibilidades. A banda, que sempre teve um peso decisivo no sucesso do Simply Red, entrou potente, com solos, tirando um pouco o foco natural da plateia do ídolo-vocalista. O guitarrista Kenji Suzuki e o trompetista/flautista Kevin Robinson arrancaram aplausos. Mick Hucknall fez reverências. Sabe que o Simply Red não terminaria a vida assim, tão leve, caso não tivesse ;músicos brilhantes;, como costuma adjetivar nas entrevistas. Estacionar,o show O espaço para grandes shows no Pontão Sul é bom e agradável, mas apresenta sério problema de infraestrutura. O engarrafamento para chegar ao show era só o prenúncio de que estacionar seria um espetáculo à parte. Carros tiveram que subir em canteiros e calçadas e muitos pararam no acostamento. Algumas pessoas pararam nas comerciais do Lago Sul e vieram de táxi, já que as vagas internas do Pontão Sul não foram suficientes. A produção só resolveu o problema de quem estava em camarote vip, oferecendo traslado gratuito das comerciais da QI 9 e da QI 11. Colaborou Irlam Rocha Lima Trecho da música Stars, do Simply Red. Trecho da música If You Don't Know Me by Now, do Simply Red

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