Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Pancadas no metal

De volta ao Brasil, a banda americana Megadeth se apresenta hoje pela primeira vez em Brasília. No repertório, músicas do disco mais recente e do clássico Rust in peace

Quem vê Dave Mustaine em 2010, convertido ao cristianismo e afastado das drogas, pode não imaginar o passado do músico americano. Fundador do Megadeth, um dos ícones do thrash metal, o vocalista e guitarrista americano ficou conhecido por seu gênio intempestivo e pelo abuso de substâncias entorpecentes. Hoje, aos 48 anos, ele é pai de família, está sóbrio e leva uma vida mais tranquila. Sua música, no entanto, continua com a mesma fúria de 27 anos atrás ; quando formou sua banda após ser expulso do Metallica (justamente por conta do comportamento desregrado). Prova disso é o disco Endgame, lançado no ano passado.

Bem recebido pelos fãs e pela crítica, o trabalho mais recente do quarteto seria o suficiente para justificar a turnê do Megadeth pelo Brasil ; iniciada na terça, em Recife, e que chega hoje a Brasília. Mas um motivo torna a passagem da banda pelo país ainda mais especial: a comemoração dos 20 anos de lançamento de Rust in peace (1), um dos mais populares (para muitos, o melhor) disco do grupo liderado por Mustaine. E mesmo batizada com o mesmo nome do disco novo, a atual turnê tem dado maior enfoque ao repertório do álbum de 1990. Até o baixista David Ellefson, que tocou em praticamente todos os discos do Megadeth, mas saiu da banda em 2002, está de volta à formação ; que conta ainda com o baterista Shawn Drover e o guitarrista Chris Broderick.

A mudança do local do show do interior do Ginásio Nilson Nelson para sua área externa deixou muita gente confusa sobre como seria a nova estrutura para acomodar o público, especialmente quem já adquiriu seu ingresso. A produção do evento explica que serão três setores de acordo com o bilhete já comprado (pista, arquibancada ou área vip).

Fase sólida
O Megadeth tem uma longa história com o Brasil. Esta é a sétima vez que o grupo se apresenta no país, mas a primeira em Brasília. A expectativa dos fãs locais é grande. Foi nos corredores do Conic, no início dos anos 1990, que Fábio Guedes, 33 anos, escutou os primeiros acordes de Rust in peace. Na época, as lojas Berlin Discos e Head Collection eram o ambiente preferido do adolescente ; bem como dos head bangers da capital. ;Eu sabia que o ex-guitarrista do Metallica havia montado uma banda, e conhecia o Megadeth de nome, mas nunca havia escutado. De início, não gostei do vocal, mas achei o instrumental muito bom;, lembra o hoje vocalista da banda Seconds of Noise.

Fábio já comprou a entrada para o show e diz estar bastante empolgado com a apresentação. ;Atualmente, a formação está muito sólida. Se os shows forem próximos do que eles vêm fazendo em outros países, tenho certeza de que será um belo espetáculo;, empolga-se o rapaz. Esta não será a estreia do roqueiro em shows da banda norte-americana. Nas duas edições do festival Monsters of Rock em que Megadeth se apresentou ; em 1995 e 1998 ; ele saiu de Brasília para assistir aos ídolos. ;Sei que a banda ao vivo é muito competente;, avisa.

Assim como Fábio Guedes, o analista de sistemas Marcel Ianuck, 32 anos, também conheceu o som do Megadeth no início da década de 1990. ;O primeiro disco que comprei da banda foi o Countdown to extinction (1992);, recorda o fã, que adquiriu o ingresso ainda na pré-venda. ;Eu estive no show da banda em Goiânia, de divulgação do bom disco United abominations (2007);, conta Marcel, baixista da DareDazzler.

Diferentemente de Fábio e Marcel, o jovem diplomata Pedro Cabral, 26 anos, nunca viu a banda ao vivo. Mas, segundo o fã, está feliz por assistir ao show do Megadeth em excelente fase. ;Considero Endgame um ótimo disco, que traz de volta as raízes do thrash metal. Posso dizer que foi o álbum que restaurou totalmente minha fé na banda, pois tinha perdido consideravelmente o interesse na música deles em função de que quase todos os discos que lançaram desde a segunda metade da década de 1990 são medianos ou ruins;, constata.

Quando perguntados sobre o que não poderá faltar no repertório desta noite, os três são unânimes em afirmar os clássicos Wake up dead, Holy wars... the punishment due e Hangar 18. ;É claro que sempre vai faltar uma ou outra canção, pois para tocar todas que são boas seria necessário pelo menos quatro horas de show;, analisa Fábio.

1 - Clássico de peso
Se Rust in peace ainda soa rápido e agressivo como os discos que o precedem, diferencia-se deles por conta de músicas com arranjos mais complexos e tocados com impressionante habilidade. Ajuda bastante o fato de a banda estar sóbria no estúdio, ter contado com o trabalho do produtor Mike Clink e ter na formação daquela época o talento virtuoso do guitarrista Marty Friedman. Nas letras, Mustaine aborda alguns de seus temas favoritos, como política, guerra, corrupção e destruição global.

MEGADETH
Hoje, às 21h30, no anel externo do Ginásio Nilson Nelson. Show com a banda americana Megadeth. Abertura: Red Old Snake (DF). Ingressos pista: R$ 160 e R$ 80 (meia, primeiro lote). Área premium: R$ 260 e R$ 130 (meia, primeiro lote). Ponto de venda: bilheteria no Brasília Shopping (das 12h às 20h). Pela internet: www.ticketsforfun.com.br. Informações: 4003-5588. Não recomendado para menores de 16 anos.