Diversão e Arte

Três projetos do DF ganham verba para divulgação das artes afro-brasileiras

postado em 27/04/2010 08:20
A cultura afro-brasileira ganhou mais espaço no cenário das artes. Grupos de teatro, de dança e de artes visuais, que antes lutavam para conseguir a proximidade com o grande público, agora começam a traçar um novo caminho na história da cultura negra. A concretização acontece com a entrega, hoje, do 1; Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras ; edital dedicado exclusivamente à arte negra que concederá mais de R$ 1 milhão a 20 projetos de todo o país, apenas este ano.

Três desses projetos são do Distrito Federal. ;Companhias de teatro e dança de todo o Brasil realizam um fórum uma vez por ano. E, nesses encontros, buscaram o apoio financeiro do Ministério da Cultura, já que existe essa necessidade da inserção da arte negra a exemplo das cotas nas universidades. Daí surgiu a ideia do edital;, explica Elísio Lopes, diretor de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira da Fundação Cultural Palmares, que incentiva o prêmio ao lado do Centro de Apoio ao Desenvolvimento (Cadon) e com patrocínio da Petrobras.

Mais de mil projetos se inscreveram. Cerca de 600 não se adequaram aos critérios e, portanto, cerca de 400 disputaram as 20 vagas. ;Isso prova que ainda existe um grande universo que não conseguimos atender este ano, com o primeiro edital. Mas, no ano que vem, pretendemos repetir;, acrescentou Elísio Lopes.

Do DF, os projetos que venceram fazem parte das três categorias do edital: dança, teatro e artes visuais. O espetáculo de dança Bata-Kotô, apresentado pela Companhia Experimental de Dança Negra Contemporânea Mário Gusmão (Cedancomg) ; fundada por Júlio César Pereira em 2007 ; foi um deles. Bata-Kotô, que significa tambor de guerra, realizará oficinas profissionalizantes gratuitas de dança e percussão e um espetáculo com mesmo nome do projeto. Para tanto, receberá R$ 80 mil.

Laboratório de ideias
;Queremos construir um pensamento crítico em relação a dança negra. Porque ainda há preconceito. As pessoas ainda pensam que não há técnica, não há estética própria na dança afro-contemporânea;, explica uma das bailarinas e assistente de coreografia, Marianne Lima Martins.

No teatro, o espetáculo No Muro ; Ópera Hip-Hop ganhou R$ 80 mil para investir na peça e, também, em oficinas profissionalizantes. ;O projeto surgiu em um laboratório de dramaturgia da Universidade de Brasília (UnB), com Marcos Motta. Fizemos oficinas com jovens da periferia para montar a peça. Com o prêmio, vamos ampliar a ideia;, disse um dos idealizadores do espetáculo Plínio Perrú.

O último projeto do DF que receberá verba foi o trabalho fotográfico da jornalista e professora Denise Camargo. Resultado de sua tese de doutorado, as fotografias feitas em terreiros de candomblé Brasil afora vão se tornar agora exposição. Mais do que isso: ;Paralelo à exposição, vou realizar oficinas com educadores de escolas públicas, para dar visibilidade à cultura do candomblé, que ainda é visto com preconceito, e tentar fazer com que a lei federal de ensino da história negra nas escolas seja aplicada;, explicou Denise Camargo. A fotógrafa receberá verba pública de R$ 40 mil. ;Esse edital é uma novidade boa. Sinal de que a arte negra vem ganhando espaço em função das discussões e demandas da sociedade civil. Estamos abrindo um espaço importante;, avaliou ela.

1; PRÊMIO NACIONAL DE EXPRESSÕES CULTURAIS AFRO-BRASILEIRAS
Hoje, no Museu Nacional Honestino Guimarães, com performance do grupo de teatro Cabeça Feita e apresentação dos atores Zezé Motta e Antonio Pompêo

; Confira a lista dos 20 contemplados no 1; Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras

categoria dança: Acorda Raça ; Resgate e Preservação da Cultura Negra como Instrumento de Conscientização e de auto-estima (Paraná ); Bata-Kotô (Distrito Federal); Dança Afro-Brasileira nas Escolas (Alagoas); Elegbará ; O Guardião da Vida (Pará) e 40 20 ; Rubens Barbot (Rio de Janeiro).

categoria teatro: Emi ; A Concepção Yorubana do Universo (Pará); Mãe Coragem (Rio Grande do Sul); No Muro ; Ópera Hip Hop (Distrito Federal); Oficina Comuns (Rio de Janeiro) e Ogum ; O deus e o Homem (Bahia).

categoria artes visuais: Arte Resgatando o Quilombo (Santa Catarina); Essas Mulheres (Rondônia); Memórias de Sombras (São Paulo); Mestre do Coco Pernambucano (Pernambuco); Negro por Inteiro (Mato Grosso); Animais de Concreto (São Paulo); E o Silêncio Nagô Calou em Mim (Distrito Federal); Invernada dos Negros (Rio Grande do Sul); Lagoa da Pedra e a Roda de São Gonçalo (Tocantins) e Zeladores de Voduns de Benim ao Maranhão (Maranhão).

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