postado em 27/04/2010 10:17
Foi em Brasília, mais precisamente no Hospital Sarah Kubitschek, considerado um dos mais conceituados centros de reabilitação do país, que a publicitária gaúcha Juliana Carvalho, 29 anos, cadeirante desde os 19, redescobriu a vida. Hoje, ela está de volta à cidade para o lançamento do seu livro Na minha cadeira ou na tua? (Editora Terceiro Nome), na Livraria Cultura, e com grande expectativa de rever os amigos que fez por aqui.
"Fiquei internada cinco vezes no Sarah. Foi um período muito importante pra mim, em todos os sentidos. Foi o lugar que me proporcionou mais qualidade de vida, e ainda teve essa questão do sexo e do amor, pois foi onde eu me redescobri nesse aspecto", revela a gaúcha, que, desde o começo de abril, está numa maratona de lançamentos Brasil afora.
Como ela mesmo relata no livro, Juliana Carvalho passou cinco anos %u2018assexuada%u2019 e foi no Sarah que conheceu o primeiro parceiro pós-lesão. Desde 2001, ela está numa cadeira de rodas devido a uma inflamação na medula. "Eu vivi relações antes e depois de estar numa cadeira de rodas. O curioso é que, depois da lesão, tive um dos melhores orgasmos da minha vida. Mesmo com limitações, o tesão é o mesmo, a capacidade de dar e receber prazer também", assegura.
Essas e outras experiências da vida da escritora gaúcha estão na obra recém-publicada. Nela, a autora percorre as questões fundamentais do cotidiano dos cadeirantes, com informações sobre inclusão e acessibilidade, casos de lutas enfrentadas e por enfrentar, e intercala narrativas sobre a sua vida antes e depois da lesão medular.
Juliana revela que logo que foi internada na UTI e descobriu o grave problema que lhe paralisou 3/4 do corpo, sabia que sua vida daria um livro. Assim que recuperou o movimento dos braços, começou escrevendo em um blog que mantém até hoje: o comediasdavidaaleijada.blogspot.com "Sem dúvida que escrever e compartilhar as minhas experiências é uma terapia. Você acaba se conhecendo mais", revela.
Novela
Uma das marcas da personalidade da publicitária é seu bom humor. Desde menina, ela sempre foi engraçada e, por que não?, até desbocada, e isso é visível em seu texto. Para Juliana, esse foi um dos fatores fundamentais para ajudar a superar os momentos difíceis, ou seja, tentar fazer da tragédia, uma comédia.
Juliana reconhece que a personagem de Alinne Moraes, que interpreta Luciana, a modelo que ficou tetraplégica na novela Viver a vida, tem atraído a atenção das pessoas para a questão dos deficientes físicos. No entanto, espera que toda essa visibilidade que a atração global trouxe, não acabe quando for ao ar o último capítulo. "O tema ganhou destaque, trouxe questões importantes à tona, mas ainda tem muita coisa pra lutar, pra fazer. Eu tento fazer a minha parte, brigar mesmo. Não podemos deixar o assunto morrer", reitera.