Diversão e Arte

Cristina Braga apresenta seu último disco em recital com o contrabaixista e violonista Ricardo Medeiros

Irlam Rocha Lima
postado em 28/04/2010 08:14
A harpista Cristina Braga tem formação clássica, mas desde o começo da carreira, há 30 anos, se dedica à música popular. Nos 12 discos que gravou - cinco solo -, gêneros como o choro e o samba sempre aparecem com destaque. O segundo, O mundo é um moinho, de 1991, é totalmente dedicado às obras de Cartola e Noel Rosa. No mais recente, Paisagem, feito com o violoncelista norte-americano de jazz Eugene Friesen, e que saiu em 2008 pela Biscoito Fino, novamente os ritmos brasileiros estão em evidência. Cristina com Ricardo Medeiros: Cristina, que já se apresentou em Brasília, no Teatro da Caixa (acompanhando Olívia Hime) e no Centro Cultural Banco do Brasil, "num projeto sobre cartas de amor", com a atriz Cláudia Ohana, faz de hoje a sexta-feira, às 21h, seu primeiro show no Clube do Choro, como atração do projeto Brasília, 50 Anos - Capital do Choro. "Será um recital em duo com o contrabaixista e violonista Ricardo Medeiros, responsável, também, pela direção musical", anuncia. Na composição do programa estão choros que a musicista tem interpretado ao longo de sua trajetória artística. "Dá um prazer incomensurável tocar esse repertório, pois todas as canções fazem parte da minha história com a harpa. Toco choro em todos os meus recitais, tanto no Brasil quanto nas turnês que costumo fazer, no começo do ano, por países europeus, como Alemanha, Áustria e França", conta. Novos arranjos Entre esses choros estão Choro nº 1 (Heitor Villa-Lobos), 1 x 0 e Vou vivendo (Pixinguinha), Gaúcho (Chiquinha Gonzaga), Brasileirinho (Waldir Azevedo), Santa Morena (Jacob do Bandolim) e Cordas soltas, "que o Mário Séve, querido amigo e parceiro de palco, fez para mim", diz. "Como foram adaptados para a harpa, tive que criar arranjos para todos eles", acrescenta. Sem esconder a expectativa pela estreia no Clube do Choro, Cristina diz que recebeu de um músico do seu círculo de amizade "ótimas referências sobre esse espaço, um dos raros no país dedicado à música instrumental". Ela acredita que vai ser uma experiência enriquecedora. "Aguardo com ansiedade o momento de subir ao palco com o Ricardo (Medeiros), desde que recebi o convite da direção da casa", revela a harpista, que iniciou a carreira como integrante grupo Opu5, com quem gravou o primeiro disco, lançado nos Estados Unidos. O próximo álbum Em maio, Cristina Braga lança pela Biscoito Fino o álbum Feito peixe, no qual reúne músicas autorais e de outros compositores. Entre elas, Ária de Emília, de Silvio Barbato e Bernardo Vilhena, que faz parte da ópera O cientista, escrita pelo maestro desaparecido no acidente do voo 247 da Air France, em 29 de maio de 2009. "Silvio tinha combinado de passar em minha casa para criarmos um outro arranjo que eu usaria na gravação da música. Infelizmente, não houve tempo para isso", comenta com tristeza. CRISTINA BRAGA Recital da harpista em companhia do contrabaixista Ricardo Medeiros de hoje a sexta-feira, às 21h, pelo projeto Brasília 50 Anos - Capital do Choro. No Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599. Ouça a música Brasileirinho Do popular ao erudito Mestre em música contemporânea pela Universidade de Londres e em composição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o contrabaixista, arranjador e produtor Ricardo Medeiros integra a Orquestra Sinfônica Nacional, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele já tocou com grandes nomes da música brasileira, entre os quais Raul Seixas, Ângela Maria e Zizi Possi. Ricardo teve uma trajetória inversa à da harpista Cristina Braga, com quem desenvolve projetos há 15 anos. "Ao contrário da Cristina, eu comecei minha carreira na música popular e depois passei a trabalhar com música clássica. Foi ela quem me convidou para integrar o grupo Opu5. Participei como músico, arranjador e produtor de vários discos dela, dois deles lançados pela CPC Umes, de São Paulo", conta. Em duo eles têm feito muitas apresentações, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, inclusive no circuito de escolas públicas, onde realizam concertos didáticos. "Tenho trabalhado bastante, também, com a Bia Bedran, que faz música voltada para o público infantil. Produzi 10 discos dela que, no primeiro, Bloco do palhaço, gravou duas composições minhas. Meu lado de compositor, no entanto, é mais direcionado à música clássica", revela.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação