postado em 30/04/2010 08:41
Ainda que a passos lentos e penosos, o circuito da música independente no Brasil aumenta o alcance ano a ano. O surgimento de mais locais para shows, e a proliferação de novas e interessantes bandas nascidas em cidades tradicionalmente fora do mapa do rock são apenas dois reflexos dessa movimentação. Um dos melhores exemplos dessa conjuntura é o trio Nevilton.
Formada há três anos, em Umuarama, Paraná, a banda que leva o nome do vocalista, guitarrista e compositor não desperdiçou oportunidades e fez das diversas participações em festivais uma vitrine para suas canções - rocks solares, por vezes tortos, mas de forte acento radiofônico - e show explosivo. Resultado: Nevilton Alencar, 23 anos, o baixista Tiago Lobão, 29, e o baterista Eder Chapolla, 25, largaram os antigos empregos e, hoje, vivem de música. A agenda está cheia até, pelo menos, junho. Só neste mês, o trio fez uma dúzia de shows e passou por cidades dos estados de São Paulo, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Minas Gerais.
"Sempre cuidei da nossa agenda para conseguir shows. E no final de 2009, firmamos uma parceria com a Agência Fora do Eixo, que fica responsável por articular, com os coletivos, mais datas para a banda", comenta Nevilton. Ele conta que pegar a estrada, por enquanto, é mais ralação do que glamour. "Não temos o conforto ideal, mas estamos aí, bem alimentados, saudáveis", brinca. "Priorizamos mais se apresentar do que conseguir um bom cachê. Queremos mostrar o nosso som, que as pessoas nos conheçam em cima do palco", continua.
Pressupostos
A banda Nevilton começou das cinzas do grupo Superlego, do qual faziam parte Tiago Lobão e Nevilton. Quando os outros músicos demonstraram pouco interesse em deixar de lado os covers que tocavam nos barzinhos da Umuarama para começar a compor músicas próprias, os dois perceberam que era a hora certa de iniciar outro projeto. No entanto, foi uma temporada passada em Los Angeles (EUA) que fez os amigos se decidirem pelo caminho do rock. Por lá, Nevilton e Tiago cantaram música brasileira em um restaurante e trabalharam na equipe de bastidores em festivais de música. "O empreendedorismo americano, o music business%u2026 isso refletiu na nossa vontade de fazer a banda", conta o guitarrista.
Na adolescência, Nevilton se viu apaixonado pelo rock ouvindo Nirvana, Guns N' Roses e Led Zeppelin. Chico Buarque, Belchior, Legião Urbana e Cazuza também passaram pelo CD player. Mas não se ouvem, necessariamente, essas influências na sonoridade da banda. Até por isso, eles são comparados a várias bandas que o vocalista mal conhece. "O fato de as pessoas não saberem explicar o nosso som é ótimo. Mostra que chegamos numa síntese legal de rock", avalia.
De fato, por mais simples que seja, o som da banda não pode ser explicado apenas citando algumas de suas referências. O EP Pressuposto (lançado em fevereiro), por exemplo, apresenta cinco canções vigorosas, com dinâmicas que revezam calmaria/suavidade e explosão/velocidade (herança do Pixies). Ao mesmo tempo que tudo soa familiar, tem uma cara própria. As letras falam de relacionamentos e superação, de uma maneira positiva, sem melancolia. "Certa vez, depois de um show, uma menina me disse que o nossa música é como um adesivo de sol colado na janela em um dia de chuva. Não tem como descrever a nossa felicidade quando as pessoas se sentem tocadas pela nossa música dessa forma", diz Nevilton.
Talvez de reações parecidas tenha surgido o grande interesse pela banda, que virou uma das mais comentadas do circuito de festivais. A expectativa depositada sobre eles, no entanto, não tira o sono de Nevilton. "Encaro isso positivamente, sem pressão." E é assim, tranquilamente, que eles planejaram e gravaram o disco de estreia (registrado em São Paulo, no estúdio YB, e que saíra via Fora do Eixo Discos), com previsão de lançamento para o segundo semestre.
Nevilton
Conheça a banda de Umuarama (PR) em www.nevilton.com.br.