postado em 07/05/2010 08:58
Produtores culturais da cidade reclamam de descaso do Governo do Distrito Federal em relação à situação dos locais de espetáculo da cidade. Em carta encaminhada nesta quinta-feira (6/5) à redação do Correio, o produtor Ronald Carvalho critica a inoperância governamental: "A reportagem publicada ontem nos faz enxergar claramente a situação em que se encontra a política do GDF para o mercado de eventos de forma geral e o de shows de forma específica. Estamos sós, sem interlocutores". Agora, além de tudo, somos penalizados pela incompetência e improbidade dos gestores de espaços públicos para shows, que não conseguem e nem se importam em cumprir determinações do Corpo de Bombeiros".
[SAIBAMAIS]Com 20 anos de experiência no ramo, Carvalho ressente-se também pela falta de alguma organização dentro da categoria. "Em grande parte o que falta na nossa categoria é mobilização. Todas as categorias do DF têm organização. É isso que estamos tentando mudar", resume o produtor. Mas destaca: "Nós somos um grupo que trabalha, gera emprego e renda e traz lazer e cultura para a cidade".
Locais como o Teatro Nacional Claudio Santoro, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães e o Ginásio Nilson Nelson (interditado para qualquer atividade desde 6 de abril) apresentam, segundo o Corpo de Bombeiros, sérias irregularidades na área de segurança, como comprovou nota assinada pelo diretor de serviços técnicos da corporação, coronel Edson de Oliveira Barroso. Problemas que vão desde a falta de extintores de incêndio e hidrantes internos até a sinalização básica de emergência.
De acordo com o tenente-coronel Neder Paiva, chefe da seção de vistoria, "o que a gente identifica nesses espaços é o problema da manutenção dos sistemas. Um extintor que foi descarregado ou venceu o prazo, uma placa de sinalização que caiu e não foi colocada no local", afirma o tenente-coronel Neder Paiva, chefe da seção de vistoria do CBMDF.
Um teatro com problemas
A situação do Teatro Nacional é um pouco mais delicada, já que se trata de um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo a assessora da Subsecretaria de Políticas Culturais da Secretaria de Cultura, Zeli Dubinezivcs, quase todas as normas exigidas pelos bombeiros, como desobstrução da saída e ajustes nos hidrantes requeridos na última vistoria em 11 de março deste ano, já foram atendidas. "A alteração mais difícil de ser feita é a instalação de um corrimão entre as poltronas na Sala Villa-Lobos, porque está difícil chegar a um consenso com o escritório do Dr. Oscar Niemeyer", observa a assessora. "As normas se modificam ao longo do tempo. Aparecem novas tecnologias, outros procedimentos e novos tipos de materiais. Os estabelecimentos têm de acompanhar a evolução das normas. Às vezes, a edificação fica ultrapassada. Claro, a gente flexibiliza as normas dentro da legislação, desde que não exista risco para as pessoas. Tem prédios que têm limitações estruturais", explica Neder Paiva.
"Vistoriado em 11 de março deste ano, o referido espaço passou por algumas melhorias nos anos anteriores, mas ainda apresenta problemas na manutenção e adequações à legislação atual, dada a idade da edificação e o tombamento", destaca a nota do Corpo de Bombeiros.
Adequações
Dentro do teatro, a assessora admite que um dos locais mais difíceis de serem modificados é a Sala Dercy Gonçalves. "O local está abandonado porque é muito difícil fazer as adequações exigidas pelos bombeiros. Por exemplo, a sala não tem rota de fuga contra um incêndio. A única rota é pelo terraço. Então, é preciso um projeto mais complexo", completa Zeli.
Segundo a assessora, a conclusão da reforma do espaço poderia colocar todos os espaços do Teatro Nacional dentro das normas exigidas pelo CBMDF, mas, para tanto, seria necessário a elaboração de um plano diretor e a captação de recursos. "Precisamos fazer um plano diretor contendo a reforma global e definitiva, porque ele vai definir as etapas do projeto e um organograma. A intenção é que se tenha um plano de obras para 10 anos. Estamos correndo atrás para que seja concretizado e não se faça mais remendos", conclui Zeli. Por enquanto, ainda não há previsão de elaboração do citado plano diretor.