Diversão e Arte

Trechos do livro Beirute - Bar que Inventamos

postado em 10/05/2010 08:48
Oceano de tudo "Não posso imaginar Brasília sem o Beirute. Seria uma cidade sem pulmão e sem alma. A importância cultural do Beira, como fórum aberto e como espaço de convívio democrático, torna esta casa um reduto único no pálido universo dos secos e molhados. Afinal, são 35 anos de papo escancarado, cerveja, amizades, amores, gracejos, adversidades. São toneladas de quibe, quilÃ?metros de passarela, oceanos de tudo." (Eudoro Augusto) Dialético "O Beirute atende a todos os tipos de pessoas porque não é maniqueísta; é dialético. Sabe que a perfeição absoluta não existe e, se existir, será possivelmente chata. Além disso, plantado em cidade pioneira, o agradável recanto do quibe e do chopinho criou um estilo também pioneiro. Reúne, congrega, sem classificar." (Cassiano Nunes) O diabo verbe "O Beirute é uma das casas de Brasília que vende mais cervejas e é o único bar que serve a 'batida verde'. O que tem essa batida que instiga o imaginário da boemia brasiliense? (...) Nas últimas duas décadas, a 'batida verde' já provocou muitas alegrias, desilusões e milhares de porres em muita gente. A sua composição é guardada a sete chaves, mas, basicamente, é feita com cachaça, limão e licor de menta. No cardápio, a denominação 'batida verde' tem sido mantida, mas todo mundo chama de 'diabo verde' e, feito o pedido com esta última denominação, fique tranquilo, o atendimento é imediato." Francisco Emílio) O beirutês "Ao longo do tempo, os trabalhadores do Beirute desenvolveram um dialeto próprio, 'o beirutês'. Existe o 'cliente 5 estrelas' (gente boa) e o 'cliente pau-de-rato' (aqueles difíceis de lidar). Se o cliente chegou com a família e quer um couvert? O garçom não titubeia: 'Manda um P.S.!' Ou seja, um 'puxa saco'." (Francisco Emílio) Nem louco nem normal "Quem pretende trabalhar no Beirute não pode ser muito louco (porque piora de vez) tampouco muito normal (porque não aguenta nem o primeiro dia de serviço). Teve um rapaz que serviu mais de três anos no exército. Quando pegou sua primeira sexta-feira de trabalho no Beirute, disse ao caixa: 'Me mande embora, pelo amor de Deus, porque isso é pior que o Vietnã!'. Outro foi deixar o lixo no contêiner e até hoje não voltou." (Francisco Emílio) Cadê a esquerda? "A esquerda mudou desde o fim da União Soviética. No Brasil, foi para o poder e, dizem por aí, esqueceu as utopias de outrora. Bem, mas livro de bar não é o melhor lugar para digressões políticas; porém, as mudanças nesta turma foram bem mais intensas e chegaram ao ambiente etílico. Trocou-se o diabo verde pela champanha francesa e o Beirute por outras estalagens mais refinadas." (Astregésilo de Melo) Confesso que rezei "O senhor Chiquinho confessou-me que o seu maior sonho era realizar um missa no Beirute. Confidenciou que o Bispo local não liberava a autorização para tal celebração. Eu lhe disse então que teria a coragem de celebrar a missa, pois, afinal, já estava preparando do meu desligamento da Igreja e que, após esse ato cristão, efetivaria tal desligamento?" (Frei Pedro Lopes) Dolores Duran "Visitemos a mesa mais passional de todo Beirute: a "Ruptura 58" ou "Dolores Duran". Deram-lhe essas dominações porque ela é palco de perdidas ilusões, onde, com frequência, são desfeitos contratos formais e informais. Para recepcionar situações tão dolorosas, ela assegura certa discrição e, por isso, protege seus frequentadores atrás do tronco da única mangueira do espaço térreo?" A mesa 13 "Na mesa 13, a importante "Mesa da Diretoria", na qual se encontram os mais irreverentes medalhões do Beirute. O grupo de diretores se reveza diuturnamente nessa mesa e, raríssimas vezes, ela é ocupada por outros mortais. Quando isso acontece logo se monta uma "campana", para a tomada repentina da mesa pelo grupo de diretores."

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