Irlam Rocha Lima
postado em 10/05/2010 09:22
Fábio Jr. é, depois de Roberto Carlos, o cantor que mais atiça a libido da mulheres com idade acima dos 30 anos. Isso foi posto à prova, mais uma vez, no show em área aberta do Ascade Náutico, na noite da última sexta-feira. Alvo de tietagem explícita, por parte de uma legião de fãs dessa faixa etária, maioria absoluta entre as aproximadamente cinco mil pessoas presentes, Flávio Ayroso Correia Galvão (nome verdadeiro do artista, quase sessentão) não se fez de rogado e jogou charme pra cima delas.
Ao ouvir gritos de "lindo, gostoso", e, principalmente, "Fábio, eu te amo" - escrito, também, em cartazes e faixas conduzidas por senhorinhas que ocupavam cadeiras próximas ao palco - , respondia esboçando sorriso cinematográfico e mandando beijos na direção de onde vinha a exclamação. Aliás, durante toda a apresentação, com 1h40 de duração - sem direito a bis - ele jogou o tempo todo com o seu lado de ator, por meio de caras, bocas e gestos - como o de passar a mão nos cabelos, agora embranquecidos.
O show que Fábio trouxe a Brasília é o mesmo que vem percorrendo o país em turnê. O megassucesso Alma gêmea (Peninha), ouvido logo na abertura, ganhou coro no pegajoso verso: "Carne e unha, alma gêmea, bate coração/ Dois amantes, dois irmãos/ Duas forças que se atraem/ Sonho lindo de viver/ Estou morrendo de vontade de você". Só você (Vinicius Cantuária), Enrosca, O que é que há, Senta aqui e Eu me rendo, cantadas em seguida, foram recebidas, igualmente, em delírio.
"Costumo incluir no repertório dos meus shows músicas de outros grandes compositores que se adequam à minha interpretação", explicou antes de soltar a voz em Não vou ficar, do rei Roberto, clara referência para Fábio no início da carreira. Assim como esse clássico setentista, Sangrando (Gonzaguinha) e Epitáfio (Sérgio Brito, do Titãs) ganharam versões convincentes do pai de Fiuk (o novo fenômeno teen), que, por motivos óbvios deixou de fora do roteiro Vinte e poucos anos, um dos seus primeiros hits.
De volta às composições autorais, Fábio cantou Felicidade, Sem limites para sonhar e Quando gira o mundo, acompanhado por uma banda de peso, com direito a naipe de metal e quatro backings vocals, todos negros e com um vozeirão daqueles. Aliás, na metade do show, enquanto o cantor - que usou um elegante terno em tom escuro - deixou a cena por minutos, os vocalistas tiveram seu momento solo e, claro, brilharam intensamente.
A apoteose veio com a reprise de Alma gêmea e Caça e caçador, com todo mundo em pé cantando junto e saudando o ídolo que, agradeceu, é claro, a seu modo: "Obrigado". Certamente, ele poderia ter reunido um número maior de admiradores caso o show tivesse ocorrido no interditado Ginásio Nilson Nelson, para onde estava marcado inicialmente. Da celebração em que as trintonas, quarentonas e cinquentonas se destacavam, havia alguns jovens como o casal formado por Luisa Daher e Matheus Silva. "Viemos acompanhando minha mãe, mas gostamos muito da performance do Fábio", afirmou o rapaz.