Diversão e Arte

Centro Cultural Banco do Brasil recebe mostra com desenhos da Expedição Langsdorff

postado em 11/05/2010 11:11
Em tempos em que mal se conhecia os homens, a fauna e a flora que habitavam o interior do país, um grupo de pessoas abriu caminho e criou arte. No século 19, a Expedição Langsdorff(1) percorreu terras desconhecidas e deixou para a história um registro científico de tudo que encontrava pelo caminho. Hoje, esses registros ; resgatados de porões de órgãos públicos da Rússia ; são fonte de conhecimento e viraram arte.

Mais de 300 obras dessa saga pelo interior do Brasil estarão, a partir de hoje, em exposição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Expedição Langsdorff traz pinturas, desenhos e mapas que contam a história da expedição.

;Há um ano e meio viajei à Rússia para conseguir essas obras originais, o que resultou na exposição. É um material valioso para a história do Brasil, porque traz conhecimentos minuciosos que eles coletaram àquela época de regiões como São Paulo, Mato Grosso, Pará;, conta Rodolfo de Athayde, um dos curadores da mostra, ao lado do professor russo Boris Komissarov e de Ania Rodriguez Alonso.

A expedição ficou esquecida até 1930, quando foi redescoberta. As caixas com todo o material estavam nos porões do Jardim Botânico de São Pertesburgo. Quase 4 mil documentos foram conservados, além das aquarelas e mapas. ;Essa exposição substituiria várias aulas de história do Brasil. É um privilégio termos isso aqui, um material artístico e histórico que, incrivelmente, sobreviveu ao esquecimento, sobreviveu a duas guerras mundiais, sobreviveu a tudo por causa do esquecimento;, completa Rodolfo de Athayde.

Recuperados em 1930, os desenhos e aquarelas da exposição, em perfeito estado de conservação, detalham as pessoas, a natureza e os costumes da época. ;Um dos conjuntos mais interessantes são os relacionados à parte etnográfica. Eles fizeram registros muito realistas de importantes tribos das quais se tem pouco registro na história do Brasil. Os desenhos e pinturas têm um grau de detalhamento que mostra o claro interesse científico de catalogação sem deixar de lado a parte artística;, explica Rodolfo de Athayde.

Os retratos de escravos e índios, por exemplo, são feitos de vários ângulos, de frente, de lado. E há mais: um vídeo capaz de se sobrepor aos mapas originais mostra ao público como as regiões evoluíram. A exposição também chama para a reflexão: Langsdorff lamentava a falta de infraestrutura e a forma como a natureza era depredada. ;Essas coisas são claras no diário dele, principalmente sobre a exploração dos recursos naturais, opinião que parece incrivelmente atual hoje;, comenta Rodolfo de Athayde.

1 - Uma aventura
O Barão de Langsdorff, acadêmico e naturalista russo, encantou-se pelo país que o recebeu como cônsul e decidiu investir numa viagem de exploração científica pelo interior do país. Para tanto, reuniu o astrônomo-cartógrafo-geógrafo Néster Rubtsov, o botânico Ludwig Riedel, o zoólogo Edouard Ménétri;s e os pintores Rugendas, Taunay e Florence. O grupo partiu do Rio de Janeiro e chegou a Belém do Pará em um percurso que durou sete anos. Todo o material científico foi enviado à Academia de Ciências de São Petersburgo e com a morte de Langsdorf ficou esquecido em caixas nos porões do Jardim Botânico.

Expedição Langsdorff ; exposição com desenhos, pinturas e mapas


Centro Cultural Banco do Brasil. De hoje a 18 de julho, de
terça-feira a domingo, das 9h
às 21h. Entrada gratuita

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