postado em 12/05/2010 08:25
Sempre que assistem a um filme assinado por Tim Burton, de Alice no País das Maravilhas, os fãs do diretor californiano esperam encontrar o melhor de dois mundos: cinema de autor com apelo popular. É esse o equilíbrio sonhado pela curadoria do Festival de Cannes, que elegeu Burton como o presidente do júri oficial da 63ª edição. Na mostra da riviera francesa, indiscutivelmente a mais aguardada no calendário cinematográfico, o contraste entre novidades da indústria e criações radicais é premeditado. A programação será aberta hoje à noite com o hollywoodiano Robin Hood, encontro entre o diretor Ridley Scott e o gladiador Russell Crowe.
No tapete vermelho, no entanto, a expectativa é de poucas celebridades. Na disputa pela Palma de Ouro, o drama de espionagem Fair game, de Doug Liman (A identidade Bourne), será defendido por Sean Penn e Naomi Watts. Mas quase todos os outros 18 candidatos ao prêmio principal prometem frustrar os paparazzi.
A contenta, que segue até o dia 23, é valorizada por nomes já consagrados - como o iraniano Abbas Kiarostami (Certified copy), os ingleses Mike Leigh (Another year) e Ken Loach (Route irish), o japonês Takeshi Kitano (Outrage), o mexicano Alejandro González Iñárritu (Biutiful) -, apostas dos organizadores Gilles Jacob e Thierry Frémaux. Uma seleção discreta em comparação à de 2009, que contou com títulos como A fita branca, Bastardos inglórios, Abraços partidos e Anticristo.
Menos cobiçada pelos flashes da imprensa internacional, a mostra paralela Um Certo Olhar será o reduto dos mestres Jean-Luc Godard (Film socialisme, já lançado na internet em uma versão reduzida, acelerada) e Manoel de Oliveira (O estranho caso de Angélica), que alternam sessões com candidatos a cult como o romeno Aurora, de Cristi Puiu (com três horas de duração) e o argentino Carancho, de Pablo Trapero (Leonera). Sabores mais palatáveis encontram-se fora da competição, nas fitas de Woody Allen (You will meet a tall dark stranger) e Oliver Stone (Wall Street: Money never sleeps). Uma curiosidade é Carlos, biografia do terrorista venezuelano Carlos, o Chacal, dirigida para a tevê pelo francês Olivier Assayas (Horas de verão).
Em uma temporada morna para os latinos, o Brasil pouco será visto na Croisette. O projeto coletivo 5 vezes favela, agora por nós mesmos (dirigido por sete integrantes de comunidades do Rio de Janeiro) será exibido em sessão especial. O coordenador do longa-metragem, Cacá Diegues, integra o júri da competição de curtas-metragens, que conta com um brasileiro (Estação, de Márcia Faria). Na Quinzena dos Realizadores, uma surpresa: A alegria, de Marina Méliande e Felipe Bragança.
Na competição
» Another year, Mike Leigh
» Biutiful, Alejandro González Iñárritu
» Certified copy, Abbas Kiarostami
» Chongqing blues, Wang Xiaoshuai
» The exodus %u2014 Burnt by the sun 2, Nikita Mikhalkov
» Fair game, Doug Liman
» The housemaid, Im Sangsoo
» My joy, Sergei Loznitsa
» Of gods and men, Xavier Beauvois
» On tour, Mathieu Amalric
» Our life, Daniele Luchetti
» Outrage, Takeshi Kitano
» Outside of the law, Rachid Bouchareb
» Poetry, Lee Chang-dong
» The princess of Montpensier, Bertrand Tavernier
» Route irish, Ken Loach
» A screaming man, Mahamat-Saleh Haroun
» Tender son %u2014 The Frankenstein project, Kornél Mundruczó
» Uncle Boonmee who can recall his past lives, Apichatpong Weerasethakul