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O segredo para manter uma adega em casa é ficar atento ao controle da umidade e da temperatura

Deixar os vinhos longe da geladeira, e guardar as garrafas deitadas e protegidas da luz são algumas das orientações dadas pelos especialistas

postado em 13/05/2010 07:00
Ter acesso ao vinho favorito a qualquer hora do dia ou da noite é um privilégio que muitos apreciadores da bebida perseguem. Mas qual é a melhor forma de guardar as garrafas? Seja num armário bem protegido ou em equipamentos desenvolvidos especialmente para isso, o importante é garantir as condições necessárias para que o sabor não se perca.

Adriana Grasso diz que a geladeira é uma das piores formas de armazenar vinhos em casa: Uma boa opção hoje são as adegas climatizadas, disponíveis no mercado em diversos tamanhos e preços. ;Elas não só mantêm o vinho na temperatura ideal, como também evitam que ele estrague ou perca sua propriedades ao longo do tempo;, explica Bruno Hermenegildo, sommelier da Maison des Caves, no Casa Park. Vinhos brancos, espumantes, rosés, tintos leves ou mais encorpados, todos podem ocupar o mesmo espaço, sem prejuízo para a qualidade.

Antes de correr à loja mais próxima, porém, vale perguntar se o equipamento é mesmo necessário. O investimento, segundo Lis Cereja, sommelier e autora do livro Superdicas para entender de vinho (Editora Saraiva), vale mais a pena para quem pretende guardar vinhos em casa. ;Se você quiser investir em vinhos que precisam passar por guarda em garrafa durante alguns anos, bons bordeauxs, borgonhas, amarones ou rieslings, é recomendado. Assim, eles vão evoluir em temperatura e umidade ideais. Mas se você costuma adquirir produtos jovens, para serem tomados em meses ou no mesmo ano, não é estritamente necessário adquirir uma adega;, aconselha.

O controle da temperatura(1) é fundamental para que as propriedades da bebida sejam mantidas. O padrão é manter a bebida a 15;C. ;Existe a famosa evolução do vinho ; nascimento, evolução, equilíbrio, decadência e morte. Se a temperatura for muito alta, mais rápido o vinho chegará ao estágio final de vida. Por isso, a temperatura ideal é de 15;C, para manter a evolução correta e constante. Além disso, com a oscilação de temperatura, ele pode perder aromas, sabores e características, transformando-se em um vinho sem qualquer vestígio de qualidade;, comenta Bruno Hermenegildo.

Para quem não tem adega em casa, existem algumas regras que precisam ser seguidas. O primeiro passo é deixar as garrafas em locais frescos, com boa umidade e sem presença de luz. ;É importante deixá-las fora do alcance da luz e longe de odores fortes. A melhor opção para quem não tem adega climatizada é escolher um armário fechado que seja muito pouco utilizado;, afirma Adriana Grasso, especialista em vinhos italianos e membro da Accademia Italiana della Cucina.

Segundo a enófila, a geladeira nem pensar. A temperatura muito baixa, a diversidade de aromas e o balanço do motor podem estragar o vinho. ;Isso também vale para os espumantes. Eles só devem ir para o refrigerador alguns dias antes de serem consumidos e nunca na porta, local de maior movimento;, completa.

A posição da garrafa também pode fazer a diferença. Os vinhos, principalmente aqueles que possuem tampa de cortiça, devem ser guardados na posição horizontal. Assim, a bebida fica em contato constante com a rolha e não estraga. ;É preciso deixá-los sempre deitados, pois as rolhas dos vinhos devem ficar em contato com o líquido, para que não ressequem, murchem e deixem o oxigênio entrar na garrafa e oxidar o produto;, confirma Lis.

Compras
Montar uma adega implica outra ação: comprar vinhos. Para começar, não existe número ideal. Para o sommelier, 80% dos rótulos devem ser para consumo imediato. Os mais complexos, que precisam de um tempo para descansar, não devem representar mais que 20% da adega. ;Isso não é uma regra, é uma indicação;, lembra o especialista. Entre suas sugestões de compras estão as uvas como carmenére (uva emblemática do Chile), malbec (Argentina) ou então algo mais leve, como um Pinot Noir. ;O mais importante é o prazer de degustar um vinho, independentemente da uva, da qualidade ou do preço;, diz.

Para Lis, a adega ideal é aquela que sempre tem algo novo para ser experimentado. ;A vida seria muito chata se sobrevivêssemos somente com alguns tipos de vinhos. Tenha sempre espumantes, tintos e brancos leves ou encorpados, assim como os fortificados, de várias faixas de preço e de diversas regiões do mundo. Invista em vinhos jovens, para beber no dia a dia, e em vinhos de guarda, para envelhecer na sua própria adega;, afirma a sommelier.

Adriana conta que tem duas adegas. ;Na Itália, tenho uma no subsolo de casa, como a maioria dos italianos. Já aqui no Brasil, eu uso o depósito que possuo na garagem do meu prédio. Como viajo muito e vou a muitas feiras, minha adega está sempre cheia de novidades;, conta. Na hora de escolher os rótulos, ela procura sempre variar as regiões.

1 - Medida certa
A temperatura errada pode prejudicar a degustação do vinho. Os tintos e brancos podem ser resfriados, sem medo. A melhor forma é conservá-los na temperatura padrão dentro de uma adega ou utilizar um balde com água e gelo. Para os mais detalhistas, na hora de servir, o espumante deve estar entre 8;C a 12;C, os vinhos brancos entre 10;C a 14;C, roses entre 9;C e 14;C e tintos entre 15;C e 18;C.

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