Diversão e Arte

Projeto promove o contato dos alunos da rede pública de ensino com Brasília por meio de longos passeios pelos monumentos modernistas

postado em 17/05/2010 08:16
Há uma máxima que afirma que para conhecer realmente uma cidade nada melhor do que caminhar por ela. Desbravar a pé suas ruas, quadras, edifícios e afins. Alguns acreditam que com Brasília, uma cidade peculiar por natureza, com suas largas avenidas e grandes distâncias, isso não seja possível. Mas um projeto, criado em 2003 pelo professor Rinaldo Paceli,vem provar justamente o contrário. Escola peripatética: Educação patrimonial; Brasília - Museu e arte a céu aberto é uma iniciativa pedagógica desenvolvida com alunos do 5º e 6º anos do Centro de Ensino Fundamental 8, de Taguatinga, que promove um trabalho de resgate da história e da cultura de Brasília. A Torre de Televisão é um dos locais preferidos pelos estudantes: visão privilegiada da arquitetura de BrasíliaDepois da teoria em sala de aula sobre a capital e sua trajetória, os estudantes seguem em passeios pelos eixos da cidade e visitas a importantes monumentos arquitetônicos brasilienses. "Brasília só era conhecida por seus pontos turísticos, então pensei em transmitir essa ideia da cidade por meio de uma caminhada. As pessoas passam a conhecer e a sentir a cidade de uma outra maneira. É um trabalho que desperta nas pessoas essa noção da preservação, da educação, da história e da arquitetura", acredita. Uma das atividades da 8ª Semana de Museus, que começa hoje em Brasília, é justamente a apresentação do projeto de Paceli, que inclusive já foi agraciado com o Prêmio José Aparecido de Oliveira, criado em 2007 pelo GDF, para incentivar e reconhecer ações de preservação de Brasília como patrimônio histórico. No próximo sábado, haverá uma palestra e uma caminhada para todos os interessados na proposta itinerante do professor. "Durante a aula ou palestra, nós abordamos todo o panorama histórico de Brasília, desde os seus primórdios. A ocupação do Centro-Oeste na pré-história, o Brasil Colônia, a Missão Cruls, a construção da nova capital e o projeto de Lucio Costa, abordando suas escalas. Depois, colocamos toda a teoria em prática e percorremos a cidade", explica. Trajeto A caminhada, cuja duração varia entre três e quatro horas, tem início no Museu Nacional, seguindo pelo Eixo Monumental até a Praça dos Três Poderes, onde visitam alguns pontos turísticos. "À medida em que vamos andando do museu, ali no gramado, em direção à Praça dos Três Poderes, é interessante observar como o Congresso vai ganhando outras proporções. De longe, o prédio é pequeno, mas quando vamos nos aproximando, ele vai se tornando gigantesco. Isso faz parte da escala monumental de Lucio Costa, um dos temas que abordamos no projeto", diz. Da Praça dos Três Poderes, o grupo segue até a Praça do Cruzeiro e Memorial JK, porém, de ônibus. De lá, eles percorrem mais alguns quilômetros chegando ao ponto final do passeio: a Torre de TV, um dos locais preferidos pelos alunos em todo o trajeto. "Eles ficam encantados quando subimos no mirante e conseguimos observar debaixo de nossos pés as quadras, a arborização e a setorização da capital. Quando Lucio projetou a torre, a ideia era justamente esta, dar um panorama geral de Brasília. E é isso que fascina os estudantes", acredita Rinaldo Paceli. Escola Peripatética O nome do projeto do professor Rinaldo Paceli é inspirado na Escola Peripatética grega, um círculo filosófico da Grécia Antiga que basicamente seguia os ensinamentos de Aristóteles. Fundada em 333 a.C., quando Aristóteles abriu a primeira escola filosófica no Liceu em Atenas, durou até o século IV. Peripatético é a palavra grega para ambulante ou itinerante. Peripatéticos (ou os que passeiam) eram discípulos de Aristóteles, em razão do hábito do filósofo de ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob os portais cobertos do Liceu. Projeto Brasília: museu a céu aberto Palestra e caminhada, sábado, dia 22, no auditório 2 do Museu Nacional Honestino Guimarães, das 9h às 13h. Entrada franca. Informações: 3325-6410 e rpaceli@bol.com.br.

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