Diversão e Arte

Cinema político e CIA invadem Cannes

Agência France-Presse
postado em 20/05/2010 12:04
Cannes - O filme "Fair Game", que aborda um dos maiores escândalos políticos do governo de George W. Bush, que, para justificar a invasão do Iraque revelou a identidade de uma agente da CIA, foi exibido na mostra oficial de Cannes desta quinta-feira, antes de outra produção sobre a guerra do Iraque, do britânico Ken Loach. [SAIBAMAIS]Protagonizado por Sean Penn e Naomi Watts, que interpreta a agente do serviço de inteligência americano Valerie Plame, "Fair Game" é o único filme americano entre os 19 na disputa pela Palma de Ouro, que será anunciada na festa de encerramento do festival, no próximo domingo. O filme de Doug Liman é centrado na traição sofrida pela agente da CIA pela Casa Branca. O longa é baseado em dois livros, escritos por Plame e seu marido, o ex-embaixador americano Joseph Wilson, que foi enviado pela CIA ao Níger para investigar um eventual tráfico de material nuclear. O ano era 2002 e Washington pretendia convencer o mundo que Bagdá tinha armas de destruição em massa, para justificar a invasão militar. E para desacreditar Wilson, que comprovou que as alegações da Casa Branca de que Bagdá havia comprado urânio do Níger eram falsas, vazou para jornalistas que a esposa do diplomata, Valerie Plame, era agente da CIA. "É um filme de mentiras e verdades. Conta uma história verdadeira, que considero importante contar", afirmou o diretor americano na entrevista coletiva em Cannes, ao lado de Watts e dos produtores, mas não por Sean Penn, que desde o terremoto de janeiro dá total prioridade à reconstrução do Haiti. "Mas o filme não é um manifesto político. Não aproximamos este filme da política, mas da história de dois personagens que se viram no centro de uma incrível história política", afirmou Liman após a exibição para a imprensa da produção, muito eficaz e que mantém o ritmo do início ao fim. "Plame era uma espiã fascinante e Wilson é um personagem forte. O casal se viu no meio de um furacão político, e penso que a história deles é incrível, e continuará sendo fascinante dentro de 100 anos", completou. Watts, que interpreta Plame, contou aos repórteres que como preparação teve que, entre outras coisas, passar por um intenso treinamento físico, como os que passam os agentes da CIA. "No 'boot camp' me disseram para não falar 'ai', a não ser que eu tivesse que ser levada para o hospital", declarou a australiana, que no fim de semana subiu as escadas do Palácio dos Festivais com Woody Allen, para a estreia de "You Will meet a tall dark stranger", que também integra a mostra oficial do Festival, mas fora de competição. "Queria retratar quem é Plame, como era sua vida de espiã, sua vida familiar, como se relacionava com os amigos. E como viveu esta incrível traição, que teve um tremendo impacto em sua vida". "Jantei muitas vezes com ela, conversamos, trocamos mensagens. Falei com uma mulher muito inspiradora, na maneira como defendeu a verdade, ao lado de seu marido. É uma mulher muito corajosa", disse a atriz. "E quantas oportunidades temos na vida para interpretar o papel de uma mulher como Valerie Plame?", questionou Naomi Watts após a exibição de "Fair Game", que aconteceu antes da estreia de outro filme na mostra oficial que aborda a guerra do Iraque: "Route Irish", do britânico Ken Loach. Protagonizado por Mark Womack, Andrea Lowe e Trevor Williams, o filme mostra dois ex-soldados que se apaixonam pela mesma mulher e viajam ao Iraque para trabalhar como agentes terceirizados. O título do filme é uma referência ao caminho repleto de perigos que liga a zona internacional de Bagdá, a "Zona Verde", com o aeroporto da capital iraquiana.

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