Agência France-Presse
postado em 27/05/2010 10:59
Os iranianos não assistirão nos cinemas o filme mais recente do diretor Abbas Kiarostami, "Copie conforme", exibido no último Festival de Cannes, devido principalmente ao vestido que a atriz Juliette Binoche usa, anunciou o governo."Este filme não é ruim", declarou o vice-ministro da Cultura, Javad Shamaqdari. "Mas por causa do vestido de Juliette Binoche não poderá ser exibido nas salas de cinema", acrescentou, sem explicar o problema exato com a roupa da atriz. "Poderá ser exibido em determinadas universidades e em certos círculos privados", completou.
No domingo passado em Cannes, Juliette Binoche recebeu o prêmio de melhor atriz do festival por seu papel em "Copie conforme".
Ao agradecer o prêmio no Palácio dos Festivais, a francesa exibiu um papel com o nome do diretor iraniano Jafar Panahi, que estava preso há mais de um mês.
Panahi foi liberado na terça-feira sob fiança, 48 horas depois do encerramento do Festival de Cannes, para o qual havia sido convidado a integrar o júri.
[SAIBAMAIS]O vice-ministro iraniano da Cultura afirmou que não assistiu ao filme de Kiaraostami em Cannes, e sim em uma sala en Paris.
"Havia 35 espectadores em uma sala de 300 lugares, em sua maioria pessoas mais velhas", disse. "O filme mostra a solidão das pessoas de certa idade por causa da situação das famílias, relacionada com as liberdades que existem na Europa", analisou o político.
"Aqui não teria muito público, apenas os iranianos que têm um modo de vida ocidental", completou, antes de afirmar que Kiarostami "não tenta divulgar o filme no Irã".
Também lembrou que o filme tem um distribuidor americano e que, em geral, o Irã não exibe filmes que têm distribuidores estrangeiros.
Vários longas de Abbas Kiarostami, o principal nome do cinema iraniano, que já conquistou muitos prêmios internacionais, entre eles a Palma de Ouro en Cannes em 1997 com "Gosto de Cereja", foram proibidos no Irã, entre eles "Shirin", filmado em 2008, "Ten" (2002) o "O Vento nos Levará" (1999).
"Copie conforme" é a primeira obra do diretor completamente rodada no exterior.
Em Cannes, Kiarostami assumiu a defesa de Jafar Panahi, detido em março sob a acusação de ter preparado um filme sobre as manifestações posteriores à controversa reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad em 2009.
"Não entendo como um filme pode ser considerado um crime, sobretudo quando este filme ainda não foi feito", denunciou.