Diversão e Arte

Vestido usado por Binoche impede a exibição do filme de Kiarostami no Irã

Agência France-Presse
postado em 27/05/2010 16:53
Os iranianos não assistirão nos cinemas ao filme mais recente do diretor Abbas Kiarostami, "Copie conforme", exibido no último Festival de Cannes, por causa do vestido usado pela atriz Juliette Binoche, anunciou o governo.

"O filme não é ruim", declarou o vice-ministro da Cultura, Javad Shamaqdari. "Mas por causa do vestido de Juliette Binoche não poderá ser exibido nas salas de cinema", acrescentou, sem explicar o problema exato com a roupa da atriz.

No domingo passado em Cannes, Juliette Binoche recebeu o prêmio de melhor atriz do festival por seu papel em "Copie conforme". Ao agradecer o prêmio no Palácio dos Festivais, a francesa exibiu um papel com o nome do diretor iraniano Jafar Panahi, que estava preso há mais de um mês.

Panahi foi liberado na terça-feira sob fiança, 48 horas depois do encerramento do Festival de Cannes, para o qual havia sido convidado a integrar o júri.

O vice-ministro iraniano da Cultura afirmou que não assistiu ao filme de Kiaraostami em Cannes, e sim em uma sala en Paris. "Havia 35 espectadores em uma sala de 300 lugares, em maioria pessoas mais velhas", disse.

"O filme mostra a solidão das pessoas de certa idade por causa da situação das famílias, relacionada com as liberdades que existem na Europa", analisou o político.

"Aqui não teria muito público, apenas os iranianos que têm um modo de vida ocidental", completou, antes de afirmar que Kiarostami "não tenta divulgar o filme no Irã".

Também lembrou que o filme possui um distribuidor americano e que, em geral, o Irã não exibe filmes que têm distribuidores estrangeiros.

Vários longas de Abbas Kiarostami, o principal nome do cinema iraniano, que já conquistou muitos prêmios internacionais, entre eles a Palma de Ouro em Cannes em 1997 com "Gosto de Cereja", foram proibidos no Irã, entre eles "Shirin", filmado em 2008, "Ten" (2002) o "O Vento nos Levará" (1999). "Copie conforme" é a primeira obra do diretor completamente rodada no exterior.

Em Cannes, Kiarostami assumiu a defesa de Jafar Panahi, detido em março sob a acusação de ter preparado um filme sobre as manifestações posteriores à controversa reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad em 2009.

"Não entendo como um filme pode ser considerado um crime, sobretudo quando ainda não foi realizado", denunciou.

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