postado em 28/05/2010 08:13
Quando menino, vivendo numa fazenda sem energia elétrica próxima a Pirenópolis, no interior goiano, o pequeno Mirosmar costumava ficar encantado com as luzes que se via ao longe, no horizonte, imaginando o que estava ali. "Tá vendo aquele clarão lá adiante, filho? É BrasÃlia, capital do Brasil", dizia a mãe para o garoto, que veio a tornar-se Zezé di Camargo, um dos principais expoentes, ao lado do irmão Luciano, da música sertaneja no paÃs.
Anos mais tarde, naquele 'clarão' que brilhava ao longe, a dupla viveu momentos importantes da carreira, como o show do réveillon do ano passado na Esplanada dos Ministérios, e hoje retorna à capital para cantar, logo mais, na Festa Junina da Universidade Católica. "BrasÃlia sempre esteve presente na nossa vida. Participamos de grandes eventos na cidade e é sempre bom voltar", destaca Zezé.
Os artistas acabam de lançar o CD duplo Double face, um projeto que há tempos martelava na cabeça dos dois: unir modões sertanejos, principalmente dos anos 1980, com músicas inéditas. Sempre atenta ao pop, a dupla também gravou Do seu lado, de Nando Reis, sucesso com os rapazes do Jota Quest. Com poucas semanas nas lojas de todo o Brasil, e a canção Tapa na cara (Zel Moreira, Villa e Carlos Randall) figura nas paradas de sucesso das rádios de todo o paÃs. A letra, ao contrário do que muita gente imagina, diz que levar um tapa na cara dói menos do que perder alguém que se gosta: "Tapa na cara eu sei que vai doer, só não dói mais do que perder você%u2026"
"Quando a música foi lançada, muita gente achou que era uma alusão à violência e que a gente estava incentivando isso. Não tem nada a ver. Quem conhece a letra, sabe que ela não trata disso. Mas no fundo essa polêmica é até boa. As pessoas acabam se interessando", admite Mirosmar, ou melhor, Zezé.
Double face tem um quê daqueles vinis de antigamente, com os lados A e B, e uma preocupação com encartes e acabamentos. Zezé conta que, em meio a uma era de piratarias e downloads de músicas na internet, muita gente estranhou quando surgiu o novo produto da dupla. "As pessoas até se assustaram dizendo que não tinham mais esperança de ter um produto desse mais na mão, todo trabalhado, com encarte e tudo mais. Atualmente, alguns CDs não têm nem o nome das músicas. O CD ainda é o maior produto de um artista, o maior cartão de visitas dele para vender show e se divulgar. Nosso último disco foi o segundo mais vendido, no ano passado, com 420 mil cópias", vangloria-se.
No ano que vem, a dupla vai completar 20 anos de carreira. Foi em 1991, quando estourou o sucesso É o amor ,que o paÃs conheceu os "dois filhos de Francisco". Zezé diz que ainda não há nada programado para as comemorações, mas certamente eles não vão deixar a data passar em branco. "Chegar aos 20 anos de carreira é um privilégio. Certamente, vamos celebrar com um novo disco, DVD, mas ainda não tem nada de concreto", diz.
DUAS CARAS
Double face
Zezé di Camargo & Luciano. Sony Music. Preço sugerido: R$ 29,90
Ouça trecho de Tapa na cara, novo hit da dupla