Nahima Maciel
postado em 30/05/2010 15:12
A artista francesa Anna Kathrina chama de detalhe anedótico, mas é uma característica muito presente entre as obras de artistas de Brasília que ela pôde observar durante as três semanas que passou na cidade: ;Percebi uma grande atração pelo céu e seus reflexos, o que, penso, é resultado da arquitetura da cidade.; Anna passou o mês de abril em Brasília. Em companhia da também artista Marina Meliande, ministrou a oficina A tela/L;écran, realizado por meio de uma parceria entre o Museu Nacional da República e a Le Fresnoy ; Studio Nacional des Arts Contemporains. A escola, referência no ensino de artes audiovisuais na França e com um corpo docente que já contou com Jean-Luc Godard e Chantal Akerman, procura associar novas e antigas tecnologias no ensino da técnica e formação crítica dos alunos.A oficina em Brasília contou com 80 inscritos, a maior parte de jovens com formação em diversas áreas e o resultado do que produziram sob orientação das professoras francesas pode ser visto no próprio museu. ;Eles tinham visões muito diferentes em relação ao tema que propusemos e eu tentei reforçar este fato;, explica Anna Kathrina. ;A preocupação era encontrar a escritura de cada um e costurar o projeto com a sensibilidade de cada participante para evitar imagens codificadas e ilustrativas.;
Edição de vídeo
Entre os participantes havia artistas profissionais em busca de uma especialização, caso de Susana Dobal, e estudantes ainda em busca de uma linguagem própria, como Luciana Ferry, fotógrafa e estudante de comunicação. ;A oficina me fez ver um lado desconhecido da fotografia. Tirei muito proveito. A fotografia comercial tem uma questão estética e no curso pude absorver um outro lado que é a ideia de que o diferente pode também ser bonito;, explica Luciana, que intitulou o trabalho de Au revoir.
Já Susana procurou a oficina para experimentar novos instrumentos de edição de vídeo. O resultado foi Travessia, instalação na qual utiliza imagens e vídeo pela primeira vez e combina as sequências com fotografias. ;Uso o vídeo, mas o tipo de enquadramento lembra trabalhos que já fiz. O que muda agora é que a possibilidade de edição e combinação de imagem me traz outa relação com o tempo;, diz Susana. Os trabalhos dos 80 alunos ocupam uma sala no subsolo do museu, espaço geralmente destinado a recepções, e reúne, principalmente, instalações, vídeos e fotografias.
A tela/L;écran
Exposição de trabalhos dos 80 alunos de oficinas realizadas pelo Le Fresnoy ; Studio Nacional des Arts Contemporains. Visitação até 11 de junho, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República.