O cineasta alemão Wim Wenders acabou de rodar um filme sobre a lendária coreógrafa Pina Bausch e enalteceu o formato como "uma ferramenta ideal para documentaristas".
"Terminei de filmar agora e estou no meio da edição. Será um processo longo. É algo muito novo fazer um documentário em 3D", disse Wenders à AFP em entrevista durante o Festival Internacional de Cinema da Transilvânia (TIFF), na cidade romena de Cluj.
No entanto, o filme não estará pronto antes do próximo ano, afirmou.
Wenders, diretor de filmes de sucesso como "Paris, Texas" (1984) e "Buena Vista Social Club" (1999), um tributo aos músicos cubanos, acalentava o projeto de fazer um filme com a coreógrafa alemã há 20 anos.
"O conceito do filme era que a própria Pina nos conduzisse a seu mundo. Foi concebido como um ;road movie; no qual a acompanharia a Brasil, Turquia e outros países", acrescentou.
Mas a inesperada morte da grande dama da coreografia moderna, em junho passado, aos 68 anos, pôs um fim trágico a estes planos.
"Pina faleceu um mês antes de supostamente começarmos a filmar. Eu perdi o ponto. Só após um tempo percebemos em conjunto com seu grupo, o Tanztheather da cidade alemã de Wuppertal, que devíamos a Pina fazer (o filme) de qualquer forma", explicou Wenders.
O diretor, então, decidiu se "concentrar nos dançarinos, seus instrumentos" e fora do palco.
"Teve que virar um filme sobre trabalho. É algo muito, muito diferente daquilo que teríamos feito juntos", acrescentou.
Para representar a arte de Bausch da melhor forma possível, Wenders não viu outra opção que usar o 3D porque o formato permitiu a ele lidar com a noção de espaço, crucial para a falecida coreógrafa.
Mas ele teve que esperar que a tecnologia "fosse capaz de lidar com a graciosidade da vida real para representá-la de forma fluida" como faria com personagens animados, afirmou.
Rodar um documentário em 3D não é fácil, alertou. "Você precisa esquecer tudo o que sabe sobre filmagem porque precisa organizar as tomadas e o processo todo de uma forma muito diferente", explicou.
No projeto, Wenders foi auxiliado por uma equipe francesa de câmeras. Ele disse ver um grande futuro para os documentários em 3D.
"Para a maioria de nós, o 3D só apareceu na forma de filmes de animação e grandes filmes de espetáculo. No futuro, será a ferramenta ideal para documentaristas", disse Wenders.
Ele acredita que o 3D poderia ter o mesmo efeito que a tecnologia digital teve 15 anos atrás, quando deu nova vida ao gênero de documentários. "Eu acho que o 3D fará o mesmo. No futuro, todo documentário será rodado desta forma", concluiu.