Diversão e Arte

Obama é "quase" brasileiro

Livro especula sobre as origens do presidente dos EUA e defende que ele não teria nascido se não fosse a paixão da mãe pelo filme Orfeu negro

postado em 05/06/2010 07:00
O escritor e jornalista Fernando Jorge explica a tese desenvolvida em seu novo livro, Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, com a seguinte afirmação: ;Resumindo, é: se não fosse Vinicius e a sua peça Orfeu da Conceição, não existiria o filme Orfeu negro (1), e jamais Obama teria nascido;. A teoria encontra sustentação na relação da mãe do atual presidente norte-americano, a antropóloga Stanley Ann Dunham, com a obra, dirigida pelo francês Marcel Camus em 1959, irmão do escritor Albert Camus. Ann deixou o cinema maravilhada com o primeiro filme estrangeiro visto na vida. Aos 17, foi estudar no Havaí e, numa aula de russo, conheceu Barack Hussein Obama, um queniano de 23 anos que emprestaria seu nome ao filho, Barack Hussein Obama II, ou, simplesmente, Barack Obama. Para Jorge, Ann se entregou a Barack como Eurídice a Orfeu, personagens do mito grego que Vinicius adaptou para o cenário carnavalesco do Rio de Janeiro.

Livro destaca as semelhanças entre o ator Breno Mello (com o violão), que interpreta Orfeu, e Barack Hussein Obama (acima);Do ponto de vista psicanalítico, a tese é perturbadora;, observa o escritor. No capítulo em que narra o relacionamento entre Ann e Obama I, Jorge insiste na semelhança entre o ator que interpreta Orfeu, Breno Mello, ex-jogador de futebol que vestiu a camisa do Renner, de Porto Alegre, e do Fluminense, e o pai de Obama II. O autor escreve: ;Os dois tinham a mesma cor escura, a mesma cara redonda, os mesmos olhos ovais, os mesmos dentes e até o mesmo sorriso;.

O carinho de Ann pelo filme também é descrito no livro Dreams from my father, de Obama II. ;Eles (Obama I e Ann) viveram juntos por 23 anos. Vinte anos depois, a mãe de Obama estava ao lado do filho num apartamento em Nova York e viu que o filme ia ser apresentado de novo. Convidou-o, com a meia-irmã, para ver. No meio do filme ; Obama já havia entrado na vida política ;, sentiu vontade de sair do cinema, mas quando olhou para a mãe, ela estava em êxtase. Não quis sair. Pude compreender tudo;, relata Jorge, sobre um trecho do livro.

Além da já destacada teoria que se vale do interesse de Ann por Orfeu negro, o jornalista comenta a proximidade do presidente norte-americano com Lula. ;Há muita afinidade entre Lula e Obama. Ele foi marxista-leninista, conta que sofreu influência dos intelectuais de esquerda quando era estudante universitário. Outra afinidade que existe é que os dois são de origens humildes;, diz.

1 - Prêmiado em Cannes
O filme de Marcel Camus foi consagrado com prêmios internacionais (Palma de Ouro em Cannes, Globo de Ouro e Oscar de melhor filme estrangeiro) e revelou ao mundo o talento de Tom Jobim, Vinicius, Luiz Bonfá e Antônio Maria, responsáveis pela trilha sonora de Orfeu negro. A bossa nova brasileira foi imortalizada nas canções A felicidade (Jobim/Vinicius), Manhã de carnaval (Luiz Bonfá/Antonio Maria) e O nosso amor (Jobim). Para se ter uma ideia da força do filme, basta conferir quem saiu derrotado no festival francês: Os incompreendidos, de François Truffaut, e Hiroshima meu amor, de Alain Resnais, duas das obras mais importantes do cinema.

; Trecho do livro Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido

A moça branca vinda de Wichita, no Kansas, apaixonou-se pelo moço africano que exibia a cara, o físico, o aspecto, uma semelhança impressionante com o ator brasileiro Breno Mello, também completamente preto e que foi o Orfeu do filme de Marcel Camus. Os dois se casaram em 1960, a despeito da preocupação das famílias de Ann e Barack, por ser um matrimônio interracial.

Entregando-se ao rapaz queniano, ela, moça bem romântica, estava se entregando ao seu Orfeu, uma transposição do ator Breno Mello, o Orfeu brasileiro que a encantou...

Caro amigo leitor, antes de descrever o filme de Marcel Camus, eu paro aqui para apresentar a tese desta minha obra. É a seguinte: se não fosse o Brasil, se não fosse o poeta brasileiro Vinicius de Moraes, se não fosse a sua peça Orfeu da Conceição, se não fosse o filme Orfeu Negro, baseado na referida peça, o presidente Barack Hussein Obama, dos Estados Unidos, jamais teria nascido no dia 4 de agosto de 1961 em Honolulu, no Havaí.

Apresenta uma lógica perturbadora a nossa conclusão. E avanço mais: pelo fato de Obama ter sido eleito presidente dos Estados Unidos, o Brasil mudou a história deste país e também, consequentemente, a história do mundo...

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação