Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

A banda Minus the Bear chega ao quarto disco com seu rock experimental de fácil digestão

Mas ainda desconhecido no Brasil

Algumas bandas caem rapidamente na boca (e nos tocadores de MP3) dos fãs com muita facilidade. Muitas, claro, não merecem a aclamação exagerada. Nesse meio onde tudo parece tão passageiro, artistas que fazem um trabalho fora de modismos indies ficam no anonimato ou simplesmente acabam restritos a um número limitado de apreciadores - pelo menos longe da sua pátria. Os norte-americanos do Minus the Bear ilustram bem isso. Donos de um som que passeia por progressivo, pop, rock alternativo e certo virtuosismo, os músicos chegam ao quarto trabalho praticamente desconhecidos no Brasil. Omni, lançado pela gravadora independente Dangerbird, veio cercado de expectativa para quem acompanha a carreira de Jake Snider (vocal e guitarra), David Knudson (guitarra), Erin Tate (bateria), Alex Rose (teclado e voz) e Cory Murchy (baixo). O frisson em torno do álbum é mais do que justificado. Os três discos anteriores - Planet of ice (2007); Menos el oso (2005) e a estreia Highly refined pirates, de 2002 - mostravam uma banda com forte potencial para chegar ao mainstream com estilo. É aí que entra o dedo do produtor Joe Chiccarelli. Nome por trás do aguardado lançamento dos Strokes, acostumado a lidar com gigantes do pop mundial, como U2 e Björk, Chiccarelli deixa Omni com a sensação de que apertou o botão errado no som do Minus the Bear. É como se a banda desse um passo para trás. Como se ainda estivesse trilhando seu começo, tamanho foi o medo de ousar. Mas Omni não é um trabalho ruim. Pelo contrário. Ainda mantém a essência melancólica que acompanha a banda desde o início. O problema é que quem se acostumou a pérolas como The fix, The game needed me (de Menos el oso), Kights, When we escape e Lótus (Planet of ice) se decepcionará com o excesso de grooves em algumas faixas desse novo trabalho. Into the mirror, por exemplo, até que começa bem, mas a batida eletrônica do fim soa totalmente deslocada. Os pontos fracos, porém, são poucos e quase imperceptíveis. Em My time, o primeiro single, Jake canta: "Apague as luzes, toque-me no escuro... Sussurre em meu ouvido". A sensualidade lírica ainda pode ser conferida nas ótimas Summer angel e Fooled by the night. Formado em Seattle, em 2001, o Minus the Bear lançou de cara o single This is what i know about being gigantic, pelo selo independente Suicide Squeeze Records - responsável também pelos três CDs oficiais. Os shows da banda - cujos integrantes estão na faixa dos 30 anos de idade - são marcados pela seriedade, pela energia e pelo profissionalismo do quinteto. Um rock experimental de fácil digestão. "Nós sempre quisemos ver o quanto de estranho poderia ser uma canção pop nossa", disse o vocalista ao site norte-americano KCRW. No caso, ele refere-se às experimentações eletrônicas que, em Omni, soam meio fake. E isso atrapalha? Não, porque as batidas funkeadas estão presentes em várias canções antigas do Minus the Bear. O erro aqui está no exagero do sintetizador e no uso inadequado para certos climas. Um descuido que não cabe no currículo de um produtor como Chiccarelli. MINUS THE BEAR Saiba mais sobre a banda norte-americana em www.minusthebear.com. O quarto disco, importado, tem 10 faixas produzidas por Joe Chiccarelli. ***