postado em 22/06/2010 07:00
"William enfim compreende que não existe lei de trânsito alguma a reger o tráfego daqueles milhares de automóveis dispersos sob o sol atingindo de chapa a praça Tahrir. O caos depreendido da maneira com que se dispõem ao longo da rotatória em torno da praça, sem respeitar faixas de pedestres, e as sinalizações tornadas invisíveis devido à areia cinza que cobre quase todo o asfalto fazem com que de súbito ele se recorde de uma visita feita na infância por nós dois com papai aos carrinhos bate-bate de um parque de diversões. Da mesma forma que nós então os motoristas egípcios comportam-se feito meninos numa tarde de domingo. Eles parecem se divertir, mas a intranquilidade de William indica que ele não compartilha da brincadeira. O buzinaço e o calor atordoam-no, e ele observa com desconfiança o motorista de seu táxi quando, sem mais nem menos, o homem breca o Fiat 147 e recolhe três pessoas que acenavam, berrando palavras incompreensíveis paradas no meio-fio."