Diversão e Arte

Leia trechos do livro Retrato desnatural (diários - 2013 2004 a 2007)

postado em 23/06/2010 07:00
Canteiro (obras) O diário seria mesmo o gênero dos gêneros, onde cabem cópias, notícias, reportagens, entrevistas ao vivo, densos relatos ; toda uma resenha do chamado dia a dia, que cotidianamente assalta, mas nunca da vida inteira. Exerço, pois, uma função de auto-observação do entorno. Digo as maiores verdades de segredos inconfessáveis. Creiam em mim, é tudo o que peço à fina senhora, ao distinto senhor. Ócio: vale não fetichizar nenhum gênero, vale não desprezar nenhum gênero. Eis a dobadiça que nos liga à quase impossível tarefa de amar a poesia sem idolatria, o romancem se adoração, a peça, o ensaio sem idealizaões. Os gêneros são como pedras de dominó, para serem jogados, decantados, recombinados, transmutados. Fixar-se em gênero pode ser momentaneamente importante. Prender-se em definitivo a um só é mortal. Esvai-se de tédio, sem mais sabor. Bom mesmo é mudar ; de pele, de nome, de existência. Há muitas encarnações ainda não vividas. Da existência de deus: acredito no deus de spinoza, revelado na harmonia de tudo o que existe, mas nãoem um deus quese preocupa com o destino e com as ações dos homens (einstein, telegrama). Pensador da dissonante harmonia de tudo, um tal deus foi o primeiro a pulverizar. Atropelo: na vida, a morte vem realmente e de modo enviesado, sempre de inopino mesmo quando se aguarda.

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