Diversão e Arte

Jacob Fortes de Carvalho lança seu primeiro livro hoje no restaurante Carpe Diem

postado em 23/06/2010 08:46
O primeiro romance do piauiense Jacob Fortes de Carvalho, funcionário público aposentado, fala profundamente sobre as origens do escritor. Ele nasceu no município de Campo Maior, em 1945, de uma família de 21 irmãos. Ao mesmo tempo em que desenterra experiências da infância, Carvalho preenche as lacunas da memória com imaginação. "Meu propósito era realçar o sistema de vida de um povo que viveu sob o domínio dos coronéis, nos anos 1940 e 50", conta. Jacob: O romance, Primaveras graciosas, fragmentado em capítulos que não passam de duas ou três páginas, narra a história de uma família de vaqueiros oprimida pelo regime coronelista, em que os filhos dos trabalhadores eram impedidos de estudar. "Desejei que a história pudesse refletir, espelhar a trajetória de cada nordestino", destaca. O lançamento ocorre hoje, a partir das 19h, no restaurante Carpe Diem (104 Sul). O escritor comenta que o tom do livro alterna entre o pungente, o épico e o cômico. "É mais uma saga sertaneja do que propriamente um romance. Se não fosse o pungente, o doloroso, seria a história de qualquer outro povo", analisa. A crítica social não é intencional, mas aparece de forma velada. O autor se mostra profundamente preocupado com o problema da educação na Região Nordeste. Ele deixa isso muito claro no último capítulo, Garimpando e narrando, em que dialoga diretamente com o leitor. "Mas se este livro não informar, não emocionar, não agregar, não permitir a mínima reflexão sobre a condição humana, e para nada mais servir, que sobrerreste o bem-intencionado propósito do autor". [SAIBAMAIS]Lourenço e Vitória, os personagens centrais do livro de Carvalho, criam 21 filhos no sertão nordestino e têm a convicção de que a única chance de libertação é o estudo. Mas as chances de conseguir se livrar das amarras do sistema são muito pequenas. A educação era inacessível aos mais simples. "É necessário conservar a todo custo o analfabetismo como meio de assegurar essa mão de obra subserviente. O analfabetismo é o penhor do regime de sujeição de caboclos e agregados. Era a garantia desse regime", explica. Apesar das observações, o escritor diz que não deseja ofender ninguém ou tomar partido. Seu maior interesse é exaltar a importância da escola para a vida em sociedade. "O que faz a pessoa ficar cega e excluída é o analfabetismo", brada. Primaveras graciosas De Jacob Fortes de Carvalho. 172 páginas, LGE Editora. R$ 30. Lançamento hoje, a partir das 19h, no restaurante Carpe Diem (104 Sul)

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