Diversão e Arte

Cia. Brasileira de Ópera percorre o país apresentando O barbeiro de Sevilha

Nahima Maciel
postado em 03/07/2010 07:00
A montagem é enxuta e, apesar dos figurinos de época, tem um quê de moderna. No palco, sete cantores se juntam para contar a história da pobre ; mas sagaz ; Rosina, uma moça enclausurada pelo tutor Bartolo, que espera se casar com a jovem. Mas ele enfrenta concorrência do jovem conde de Almaviva, também apaixonado, que tenta libertar a amada e resolver a situação.

[FOTO1]O barbeiro de Sevilha está entre as mais cômicas das óperas-bufas e tem a famosa ária na qual o barítono entoa um divertido ;Fígaro, Fígaro, Fígaro!”. Fígaro é o próprio barbeiro, um especialista em intrigas. É uma ópera popular e por isso o maestro John Neschling a escolheu para estrear sua Cia. Brasileira de Ópera, projeto com o qual pretende reavivar a cena operística brasileira e deixar para trás o episódio que resultou em sua demissão da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), em janeiro de 2009.



Com verba de R$ 10,3 milhões e apoio do Ministério da Cultura, do Banco do Brasil e da Petrobras, a companhia traz montagem enxuta e projeto ambicioso: rodar 15 cidades brasileiras com a ópera composta por Gioachino Rossini em 1816. Até agora, a turnê iniciada em junho já passou por sete capitais e realizou 41 récitas. Brasília é a metade do caminho e conta com quatro récitas em uma programação que se inicia hoje à noite.

Para facilitar a montagem e baratear o transporte, Neschling e José Roberto Walker, diretor executivo da companhia, idealizaram um cenário inusitado. Em vez de móveis e cortinas, os cantores contracenam com animações concebidas pelo ítalo-americano Joshua Held. ;Isso não quer dizer que seja um cenário simplório. Queríamos um espetáculo sofisticado mas que pudesse viajar com facilidade. Daí utilizarmos esse meio audiovisual;, avisa o Neschling. No início, o maestro sobe ao palco para pegar as partituras das mãos do próprio Rossini, numa brincadeira que indica o tom bem-humorado do Barbeiro. ;Como é uma produção itinerante, tinha que ser uma produção com poucos cantores, pouco coro, e que fosse uma comédia, que é de fácil entendimento e muito atraente para todos os públicos. O Barbeiro é uma ópera muito popular, uma das óperas mais encenadas de todos os gêneros;, avisa Neschling, que montou uma orquestra de 20 instrumentistas para acompanhar os 12 cantores que se revezam no palco.

As animações trouxeram algumas dificuldades e novidades para os artistas. A mezzo soprano Luísa Francesconi faz Rosina e revela ter lutado um pouco para se acostumar aos desenhos. ;Os ensaios foram difíceis, porque você tem que fazer diversas coisas; atuar, cantar, olhar para o maestro, para o desenho e dar a entender que está olhando. Mas o resultado é fantástico. Depois que pega o jeito de interagir com o desenho, é divertido. É uma dificuldade técnica mesmo. Como estamos na frente da tela e temos que cantar pra frente é difícil olhar para trás para interagir;, diz a cantora.

Carreira
Nascida em Brasília e formada na Escola de Música (EMB), Luísa interpreta Rosina pela terceira vez. As animações de Held não figuram como a situação mais inusitada de sua carreira. Diferente mesmo foi cantar em um teatro do qual as cadeiras foram retiradas, durante uma apresentação em Lisboa. O tenor André Vidal, também de Brasília, encarna o apaixonado conde Almaviva. Vidal tem experiência: já interpretou o conde 15 vezes. ;É um personagem típico de ópera cômica, um herói meio bobo, inocente, que fica à mercê das coisas do que os outros personagens o levam a fazer;, conta.

Em cada cidade, a companhia também encena uma versão do espetáculo para crianças. ;Não é O barbeiro de Sevilha para crianças, são récitas em que aproveitamos nosso material com um dos personagens, Fígaro, que narra para crianças um pouco o que é a ópera, o que são os cantores. É um espetáculo para crianças;, avisa o maestro.


O BARBEIRO DE SEVILHA
Cia. Brasileira de Ópera. Regência: John Neschling. Hoje, amanhã e terça-feira (dia 7), às 20h. Domingo, dia 5, às 19h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos: R$ 70. Récita infantil: domingo, às 16h. Ingressos: R$ 2.

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