Diversão e Arte

O mapa do mundo de Pandora

postado em 05/07/2010 08:41
James Cameron nunca escondeu que Avatar, o fenômeno, seria um filme ecologicamente correto. Para alguns, o resultado beirou a "ecochatice". Mas que ninguém acuse o diretor canadense de não ter levado essa missão bem-intencionada às últimas consequências. Após visita ao Brasil para protestar contra a construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, Cameron retorna ao front verde com o livro Avatar - Os relatórios confidenciais do mundo de Pandora, que acaba de chegar ao Brasil. Avatar alerta para a degradação do meio ambiente e a ganância humanaEscrito pelos jornalistas Maria Wilhelm e Dirk Mathison, ambos familiarizados com temas científicos e tecnológicos, o "guia de sobrevivência" pode parecer um mimo para os fãs mais radicais da superprodução. Mas, logo nas primeiras páginas, revela duas metas mais ambiciosas: alertar o leitor sobre as agressões ao meio ambiente e mostrar o trabalho cuidadoso (quase obsessivo) realizado pela equipe de Cameron para erguer o universo de Pandora, lua habitada por atléticos seres azuis. Não à toa, o lançamento é dedicado ao grupo de cientistas, acadêmicos e escritores que "fundaram" a realidade de Avatar. Nas últimas sete páginas, um breve dicionário contém traduções em português para cerca de 400 palavras em Na'vi, idioma dos seres da floresta. O manual ainda descreve, em detalhes dignos de jogos de RPG, aspectos da geologia, fisiologia, fauna, flora, tecnologia e da cultura de Pandora, localizada no sistema Alfa Centuri, a 4,37 anos-luz da Terra. Os capítulos explicam, por exemplo, como os cientistas humanos descobriram existência de vida fora da Terra (com um poderoso telescópio, notaram que a atmosfera de Pandora era muito semelhante à do nosso planeta) e começaram a cobiçar o bem mais valioso dos "vizinhos" - o unobtanium, fonte de energia capaz de criar intensos campos magnéticos e provocar conflitos entre os gananciosos e os ativistas. O histórico detalhista, burilado pela imaginação de Cameron, vem a reboque de lições não tão extravagantes sobre preservação da natureza. Nesse ponto, o prefácio do livro é explícito. "Os exércitos da cobiça tomam conta da Terra e de todas as suas criaturas. Em nossa fome de energia, devastamos o planeta", avisa o narrador anônimo, que faz contrabando de informações secretas de Pandora. Em seguida, os inimigos da natureza são listados um a um: da superpopulação ao aquecimento global. "Organizem-se! Junte-se a nós e lute. Lute pela própria sobrevivência", conclama. Com US$ 2,7 bilhões arrecadados no mundo todo, Avatar fez valer (e muito) o investimento de quase US$ 300 milhões num trabalho de criação que levou 15 anos para ficar pronto. Produtos como Os relatórios confidenciais do mundo de Pandora azeitam as engrenagens das duas continuações prometidas por Cameron. As riquezas de Pandora, pelo menos nas telas, estão longe do esgotamento. Avatar - Os relatórios confidenciais do mundo de pandora De Maria Wilhelm e Dirk Mathison. Tradução de Marcelo Barbão. Editora Lua de Papel. 205 páginas. R$ 39,90.

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