postado em 06/07/2010 07:00
A reportagem do Correio entra na coxia do Teatro Dulcina de Moraes. Encontra o estudante Paulo Vidal concentrado para entrar em cena. Ele é veterano da Mostra Dulcina, que chega à 11; edição com casa cheia. Será que Paulo ainda fica nervoso? ;Claro, até a Fernandinha fica;, brinca o estudante, referindo-se à dama Fernanda Montenegro. ;Quando esse frio na barriga sumir, abandonarei a carreira de atriz;, reforça a colega de elenco Karine Luiz, poucas horas antes da apresentação de Nada, na noite do último domingo.É com essa seriedade de profissional que todos encaram a Mostra Dulcina, que segue até a sexta-feira, sempre a partir das 19h. Sob a tutela dos diretores Adriano e Fernando Guimarães, Nada divide a programação com mais cinco trabalhos, a exemplo de Anjo negro, Exercício de seis personagens e Memórias inventadas.
Em tempos como estse, a paisagem fica modificada. O nervosismo dos estudantes, a correria para entrar em cena, o movimento de sobe e desce de produtores e técnicos e as filas transbordando de gente dão à Faculdade de Artes, situada no Conic, o clima de agitação, aquele que Dulcina de Moraes (1908 ; 1996) sempre perseguia. No meio do burburinho, a preparadora vocal Gil Macedo é uma das mais requisitadas. ;Meu trabalho é dar uma base vocal, como os alunos devem projetar a voz, a articulação, a dicção. Tudo para que eles possam desempenhar bem os personagens em cena;, conta.
A um ano da formatura, Jhony Gomantos está de olho no mercado profissional. A Mostra Dulcina permitiu estrear a sua pesquisa a respeito do trabalho corporal do ator. ; Fiz um estudo baseado em quatro autorretratos da pintora Frida Kahlo. A cena apresentada se chama 1; quadro, que faz parte de uma série de trabalhos, que desenvolverei no decorrer do curso a fim de transformá-la em espetáculo;, adianta o estudante, que integra o grupo Teatro do Concreto.
Desde 2004, a cada final de semestre letivo, é assim. Os aspirantes a atores têm a oportunidade de mostrar os trabalhos realizados nas disciplinas para um público assíduo, que chega até uma hora antes para garantir a sua entrada. ;Acompanho a mostra desde o ano passado. Os espetáculos estão cada vez melhores. Anjo negro foi a melhor que eu vi;, elege a estudante Manuele Barros.
A preocupação com o acabamento dos trabalhos exibidos na mostra é grande. Já levou a montagem A casa, inspirada na dramaturgia do espanhol García Lorca e com direção dos irmãos Guimarães, para os palcos do Cena Contemporânea, principal festival de teatro do Centro-Oeste. A qualidade da produção, apresentada em 2009, propiciou aos envolvidos a ida à cidade de São Paulo, onde reinauguraram o Teatro Cacilda Becker.
Secretário-executivo da Fundação de Teatro Brasileiro (FTB), Augusto Brandão revela que a realização da mostra envolve 400 pessoas entre professores, alunos, técnicos de som e iluminação e demais funcionários da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (FADM). Ele conta que a instituição libera uma verba de R$ 80 mil para execução dos trabalhos dos alunos. ;No final do ano, a mostra volta a ser descentralizada e será apresentada nas regiões administrativas do Distrito Federal;, adianta.
11; Mostra Dulcina
Hoje, Memórias inventadas, às 19h, e Nada, às 21h.
Entrada franca. Classificação indicativa livre.