Diversão e Arte

Suíça recusa-se a extraditar Polanski, já em liberdade

Agência France-Presse
postado em 12/07/2010 13:49
Berna - A Suíça recusou-se a extraditar o cineasta franco-polonês Roman Polanski para os Estados Unidos, país onde, em 1977, manteve relações sexuais com uma menor de 13 anos, e ele está livre, a partir de agora. [SAIBAMAIS]O diretor de "O Pianista", detido em obediência a um mandato internacional expedido pelos Estados Unidos, no dia 26 de setembro passado, ao chegar a Zurique para um festival de cinema, "não será extraditado para os Estados Unidos e as medidas de restrição de sua liberdade foram retiradas", declarou durante uma coletiva de imprensa, em Berna, a ministra suíça da Justiça e da Polícia, Eveline Widmer-Schlumpf. "Os Estados Unidos não poderão recorrer da decisão da Suíça", acrescentou. O cineasta pode em princípio apresentar um pedido de indenização, mas a ministra duvida que ele faça uso disto, alongando o processo e multiplicando recursos. A pulseira eletrônica que Polanski usava desde sua prisão domiciliar em seu chalé de Gstaad foi retirada nesta segunda-feira às 12h00 locais (7h00, horário de Brasília), precisou a ministra. O pedido de extradição americano foi descartado porque não foi possível "excluir com certeza absoluta se ele apresentava vícios", explicou a ministra. Ela ainda mencionou a recusa das autoridades americanas a transmitir as atas de uma audiência do procurador Roger Gunson. Para os suíços, esse documento permitiria apreciar se "os 42 dias que Roman Polanski passou na divisão psiquiátrica de uma prisão californiana cobria a totalidade da pena de prisão que ele deveria cumprir". Na ausência desses textos, "não era possível ter certeza total de que Roman Polanski já teria cumprido a pena pronunciada em outra ocasião contra ele e que o pedido de extradição tinha um grave vício", explicou. Além disso, os suíços consideraram que o tratado de extradição com os Estados Unidos deveria levar em conta o "clima de confiança" que foi estabelecido. Roman Polanski vinha regularmente à Suíça sem ser perturbado e, "certamente, não teria vindo ao Festival de Cinema de Zurique em setembro de 2009 se ele não estivesse seguro de que essa viagem não lhe traria consequências jurídicas", revelou a ministra da Justiça. O cineasta "deixou seu chalé de Gstaad", batizado "Milky Way" (Via Láctea), situado na saída da pequena cidade alpina e onde cerca de 30 jornalistas aguardavam, explicou uma empregada do cineasta. Polanski, hoje com 76 anos, pôde deixar a prisão de Zurique no dia 4 de dezembro para cumprir pena em domicílio, no chalé de Gstaad, depois de pagar uma fiança de 4,5 milhões de francos suíços (3 milhões de euros). Ele tem agora o sentimento de que "a justiça foi feita", disse o escritor francês Bernard-Henri Lévy. Os advogados de Roman Polanski lutavam há meses para tentar evitar um julgamento nos Estados Unidos. Um deles, o francês George Kiejman, "elogiou a justiça suíça", e "sua análise jurídica"."Espero que ele possa um dia retornar aos Estados Unidos", afirmou. O Ministério americano da Justiça preferiu não comentar a decisão, enquanto que os ministros franceses da Cultura, Frédéric Mitterrand, e das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, a aplaudiram. O Ministério polonês das Relações Exteriores disse estar "satisfeito". "Roman Polanski pode, enfim, retornar à comunidade de artistas que o apoiaram com fervor e respeito durante inúmeros meses", felicitou Mitterrand em comunicado. A prisão do diretor no país provocou um clamor público nos meios cinematográficos e também na França e na Polônia. O ministro francês da Cultura dirigiu duras críticas ao caso e declarou apoio total ao cineasta. O escritor francês Bernard-Henri Lévy mostrou-se do lado de Polanski, mas o assunto dividiu profundamente o meio cinematográfico, assim como intelectuais e artistas do mundo inteiro.

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