postado em 18/07/2010 03:53
[SAIBAMAIS]Confira texto de Max Müller com uma apresentação do Projeto Oficina de Pífano e um pequeno histórico da parceria entre Mestre Zé do Pife e a Diretoria de Esporte, Arte e Cultura-DEA/DAC da Universidade de Brasília (UnB)."O Projeto Oficina de Pífano consiste de uma iniciativa de transmitir adiante a arte de tocar e de fabricar pífanos, sendo esses seus principais objetivos. As oficinas, de caráter comunitário e eventual, são realizadas pelo Decanato de Assuntos Comunitários-DAC/UnB, por intermédio do Serviço Artístico e Cultural - SAC, da Diretoria de Esporte, Arte e Cultura - DEA, em parceria com o Mestre Zé do Pife (Francisco Gonçalo da Silva).
Mestre Zé do Pife, como artisticamente é chamado, domina todos os aspectos relativos à maestria sobre o instrumento chamado Pífano, Pífaro ou Pife: do cultivo do bambu (do tipo taboca) adequado à fabricação do pífano, passando pela própria fabricação, o acabamento, a instrumentação, a interpretação de peças clássicas do repertório popular (especialmente o nordestino), a composição, a apresentação pública em espetáculos e eventos, o ensino, até a venda dessa tradicional flauta de bambu - aspectos esses que constituem seu principal meio de vida. Daí, justamente merecido o título de Mestre.
As oficinas constituem-se de aulas práticas para o domínio do pífano, em níveis básico, intermediário e avançado, e também de fabricação do instrumento. Ocorrem esporadicamente, conforme calendário de atividades da DEA e disponibilidade do oficineiro. O curso dura de cerca de 8 (oito) a 10 (dez) encontros, sempre em um dia da semana, com duas horas de duração cada aula. Ao final do curso, os participantes terão dominado peças como "Asa Branca", "A volta da Asa Branca", "Baião", "Mulher Rendeira", "Acorda, Maria Bonita", "Assum preto", "Caboré" e "O grito do cachorro com a onça" (essas duas últimas, composições de Mestre Zé do Pife), entre outras, culminando com uma apresentação pública dos trabalhos. Além disso, os alunos têm noções práticas de como se fabrica o pífano. O investimento por parte dos interessados consiste de uma ajuda de custo, relativa à aquisição do instrumento para a prática, e ao incentivo ao trabalho do artista. Por parte da DEA, faz-se um contrato com o oficineiro por ficha de participação.
A ideia de se começar o Projeto Oficina de Pífano surgiu da necessidade de se criar projetos comunitários avulsos, no âmbito da Diretoria de Esporte, Arte e Cultura - DEA/UnB. Surgiu de uma conversa espontânea entre a bolsista Paloma Amorim, a qual presta serviços à DEA, e o servidor Max Müller C. Sobrinho, coordenador de projetos culturais nesse departamento. Mas a história, de fato, teve como pontapé inicial o encontro casual entre o servidor Max Müller e Mestre Zé do Pife, isso nos idos de 2007, na própria UnB. Do encontro, houve o convite, prontamente aceito pelo Mestre. Foram duas turmas iniciais, cada uma com cerca de 50 a 60 participantes (de 2007 a 2009, mais de 200 pessoas tiveram aulas com Mestre Zé do Pife). Dessas turmas iniciais, algumas estudantes tiveram a idéia de se criar um grupo com as características das tradicionais bandas de pífano nordestinas. Esse
grupo veio a se formar com o nome "Mestre Zé do Pife e As Juvelinas".
A partir dessa experiência frutífera, Mestre Zé do Pife lançou seu primeiro CD, intitulado "Zé do Pife", pela Gravadora Pangéia (fevereiro de 2008). Recentemente, lançou seu segundo trabalho, junto com As Juvelinas, sem contar diversas apresentações, espetáculos em palcos ou ruas, e festivais, por todo o Distrito Federal e pelo Brasil afora.
Mestre Zé do Pife, artista autodidata, que aprendeu "de ouvido" (como a grande maioria dos sertanejos nordestinos), e que, mesmo sendo analfabeto, tem marcado sua presença nos meios universitários ao comunicar-se com participantes, geralmente advindos de um processo de ensino e aprendizagem musical dito formal, mas enriquecendo tal didática, utilizando-se de um método de cunho, diria-se, auditivo-imitativo-intuitivo-dialogal, em que os estudantes ouvem, observam, repetem e por fim, interpretam o que o Mestre ensina, pelo resgate da ancestral relação mestre-discípulo. Tal feito é constantemente debatido nas aulas e em entrevistas constamente realizadas por jornalistas, pesquisadores e estudiosos de Música, Cultura e Arte Popular, além de manter vivo o patrimônio imaterial das culturas musicais de raíz no Distrito Federal."
Unidade da UnB responsável pela execução do projeto: Diretoria de Esporte, Arte e Cultura - DEA/DAC/UnB
Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro, Instituto Central de Ciências, Sala AT-194
Telefones: (61) 3107.6795 / 3107.6796
Email: dea@unb.br
Responsável: Lucila Souto Mayor Rondon de Andrade, Diretora da DEA
Coordenador do Projeto: Max Müller Cerqueira Sobrinho