Diversão e Arte

Ozzy Osbourne lança autobiografia e novo álbum após três anos

postado em 18/07/2010 13:45
Autobiografia do cantor inglês Ozzy Osbourne. Tradução de Marcelo Barbão. Editora Saraiva. 416 páginas. Preço: R$ 39,90Tudo começou com um anúncio na loja Pigway Music, localizada no centro comercial de Birmingham, na Inglaterra. No papel, um vocalista (com experiência) procurava músicos para montar uma banda de rock. Desse anúncio, é possível descobrir duas coisas. Uma delas é que o tal cantor ;experiente; só havia participado de um grupo sem expressão e sem apresentações ao vivo no currículo. A outra, muito mais importante, mostra o surgimento de uma das maiores bandas de todos os tempos: Black Sabbath. Ozzy Osbourne (vocal), Geezer Butler (baixo), Tony Iommi (guitarra) e Bill Ward (bateria) moravam na mesma cidade, a fria e enfumaçada Aston, mas foi graças ao aviso ; e à música ; que eles se conheceram.

Antes de chegar ao nome que os consagrou mundialmente, o quarteto fez alguns shows como The Polka Tulk Blues Band e, depois, Earth ; que gerou vários trocadilhos e confusões. Quem conta essa e muitas outras histórias é o próprio vocalista, na autobiografia Eu sou Ozzy, recém-lançada no Brasil pelo selo Benvirá, da editora Saraiva. Ele, que apesar de apaixonado por música, nunca imaginou ser cantor. Os primeiros empregos do hoje consagrado artista foram como encanador, trabalhador de um abatedouro de carnes e também da construção civil. Durou pouco tempo em todos eles. Passou pouco mais de um ano numa empresa como afinador de buzina de carro.

Claro que o Black Sabbath pontua quase a metade de Eu sou Ozzy, mas o livro não pode ser visto como uma biografia da banda. Mostra o Ozzy pai, marido, bêbado, amigo, emotivo... Dividida em duas partes, a obra traz para os fãs a vida do ídolo antes mesmo de entrar para a banda (quando ainda era chamado por John, seu nome de batismo) e depois de se tornar um rockstar. Na segunda parte, intitulada ;Recomeço;, a carreira solo e a relação familiar ficam em evidência. Em uma linguagem simples e bem-humorada, Ozzy consegue prender o leitor com histórias marcantes da sua trajetória ; pessoal e profissional. Fotos de várias épocas também ilustram o livro.

[SAIBAMAIS]Considerado um dos pioneiros do heavy metal, Ozzy conta que ele, Bill, Tony e Geezer não tinham nenhuma intenção de fazer esse tipo de som. Os músicos, aliás, nem conheciam o termo. Para eles, o som do Black Sabbath era apenas jazz e blues pesado. Uma curiosidade que ele conta sobre o primeiro disco é que, ao ouvir a estreia do Led Zeppelin (antigo New Yardbirds) em vinil, Ozzy comenta com Tony: ;Você ouviu como o disco do Led Zeppelin é pesado?;. Na hora, o guitarrista responde: ;Vamos ser mais.;

Nos primeiros shows da banda, Ozzy conta, não era comum ver mulheres na plateia. Isso porque, aos primeiros acordes da sombria Black Sabbath, elas saíam correndo. Hoje ele ri disso tudo. Até da ocasião em que comeu um morcego jogado por alguém de presente num show da turnê norte-americana de Diary of a madman. A ;brincadeira; rendeu várias injeções antirrábicas que tiveram de ser aplicadas por alguns dias. Ou quando, em reunião com executivos da CBS, mordeu a cabeça de um pombo.

Tragédias pessoais
A separação da banda, o envolvimento com drogas pesadas, o alcoolismo, a morte dos pais e a amizade com o guitarrista Randy Rhoades são lembrados pelo músico com uma certa melancolia. Sua saída do grupo aconteceu depois que, afundados em dívidas com a Receita Federal dos Estados Unidos, se reuniram em estúdio e viram que a química entre os músicos não era mais a mesma. Já influenciado pela crise entre os integrantes, Ozzy aponta falta de direcionamento em Technical ecstasy e Never say die, os últimos lançados com ele nos vocais.

Sobre o amigo Randy, virtuose na guitarra que morreu em acidente de avião quando divulgava Diary of a madman nos Estados Unidos, ele lembra: ;Era tão dedicado que encontrava sempre um professor de violão clássico em todas as cidades pelas quais passávamos e tinha uma aula. Dava aula, também;. Os dois se conheceram por meio de sua esposa Sharon Osbourne, quando tentava manter-se na estrada após a saída da banda.

Durante muitos anos, Ozzy foi casado com Thelma ; mãe de dois dos cinco filhos, Jéssica e Louis. O namoro com Sharon começou justamente na época da produção do primeiro álbum solo, Blizzard of ozz. Ele ainda vivia com a esposa, mas estava apaixonado pela filha de Don Ardem, manager da banda. Os dois se conheciam desde os primeiros discos do Black Sabbath. Detalhe: antes de se casarem, ficaram noivos 17 vezes. Esse é o Ozzy.

Curiosidades

# Sem capacidade de concentração, Ozzy não conseguia ler na adolescência. Depois dos 30 anos, sai o diagnóstico: dislexia

# Fã dos Beatles, o cantor diz que o quarteto de Liverpool mudou sua vida

# Paranoid, clássico do álbum homônimo, de 1970, surgiu depois de uma jam no estúdio

# No início da carreira, o visual de Ozzy era composto por uma camiseta de pijama, uma torneira pendurada no pescoço e ele andava sem sapatos

# Após crítica negativa do jornalista Lester Bangs, da Rolling Stone, parou de ler tudo o que escreviam sobre os discos

# No início dos anos 1980, cantou em uma música do grupo Was (Not Was), cuja backing vocal era a futura estrela Madonna

Décimo primeiro álbum de estúdio de Ozzy Osbourne. Produzido por Ozzy e Kevin Churko. 11 faixas. Gravadora: Sony Music. Preço: R$ 25Crítica - Scream ; Ozzy Osbourne ***
Sombrio e pesado


Se no início da carreira Ozzy Osbourne rejeitava o rótulo de heavy metal, os discos subsequentes mostraram que não havia como o ;Príncipe das Trevas; fugir desse caminho. Tudo bem que a melhor definição seria apenas ;rock;n;roll pesado;. Em Scream, seu 11; álbum de estúdio que chega às lojas, a palavra sombrio se destaca mais do que qualquer outro adjetivo. Não que ele tenha abandonado o peso. Let i die abre o CD com Ozzy, aos 62 anos, gritando: ;Eu sou uma estrela do rock. Eu sou um negociador. Eu sou um servente... Eu posso ser qualquer coisa que você quer que eu seja;.

Isso mostra que as mudanças ao longo da carreira foram inevitáveis. Mas ele não está muito preocupado. Para Ozzy, as coisas acontecem naturalmente. Simples assim. Por isso, o sucessor de Black rain (2007) paquera levemente com a sujeira grunge de bandas como Alice in Chains, sem soar estranho aos ouvidos. Soul sucker e Diggin;me down são fortes candidatas a hits. A última faixa, I love you all, é um pequeno agradecimento a quem o acompanha ao longo da carreira: ;Deus abençoe a todos;. (RM)

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