postado em 24/07/2010 13:13
Televisão é um perigo, tanto do lado de lá quanto da banda de cá da telinha. Para a turma do sofá, a temeridade se instala com o bombardeio comercial e ;informativo; do veículo. Já do lado de lá, a malvada face da tevê aparece, muitas vezes, salpicada de glória e fama. Isso ocorre, por exemplo, quando se guindam ao estrelato atores ou atrizes que, naquele momento específico, não fazem jus ao posto.Não é difícil contextualizar essas situações. Comecemos pela primeira. Pense bem se, pelo menos umas três vezes na vida, você não se questionou a respeito de informações obtidas no circuito televisivo. Vale tanto para o segmento das amenidades ; aqueles programas sensacionalistas que rendem pencas de audiência estão nessa ; quanto, algumas vezes, até para o telejornalismo ; onde os fatos podem não ser bem assim como aparecem, especialmente em um ano de eleições.
Mas o terreno pantanoso da enganação também tem chamariz apetitoso no universo artístico. No mundo das novelas, constrói-se dia a dia um verdadeiro Olimpo dos equivocados. Com o luxuoso auxílio do marketing interno, empurram-se à idolatria profissionais que não são ou não estão sendo exatamente aquela maravilha toda alardeada pela mídia. Será que, em amostra majoritária, o público engole tudo isso sem desconforto?
Não faltam exemplos desses equívocos. A maioria resvala no quesito adequação. Quem se lembra de Começar de novo, novela exibida entre 2004 e 2005 na Globo e que tinha como ;destaque; a dobradinha de Marcos Paulo com Gisele Itié, na época namorados na vida real? A consistência passou longe: nem o dublê de diretor e ator nem a belíssima atriz tinham bala para tanto. O folhetim só não naufragou porque, em volta do pouco convincente casal central, havia atores que encontraram boa química com seus personagens.
Ah, os personagens! Aí entra o fator direção e, muitas vezes, o queísmo ; o popular ;quem indica;. Gisele Itié não estava preparada para um papel daquela magnitude; Marcos Paulo, idem. Tanto um quanto o outro já tiveram desempenhos melhores em outras situações. O mesmo acontece com Deborah Secco, atriz que, se pode ser bem aproveitada em papéis cômicos ; de preferência participando de programas humorísticos ;, nem de longe corresponde à imagem de superestrela com que o marketing da Globo a veste. Quando vejo anunciar uma novela em que la Secco é protagonista, corro pra farmácia e compro ranitidina: é indigesta aquela interpretação viciada, com as eternas inflexões murmurantes que faz idênticos os perfis de suas personagens. Íris, Darlene, Céu, Sol, Elizabete; É tudo igual. Ou a direção dorme no ponto ou a moça tem costas largas e faz o que quer. Mas poderia fazer melhor, se estivesse em um papel adequado.
Do mesmo clube de Deborah Secco parece ser Juliana Paes, cuja beleza é inversamente proporcional ao talento. Pelo menos até o fechamento desta edição, não consegui me lembrar de uma vez sequer em que a estonteante atriz desempenhou bem um papel dramático. Ela não consegue tirar do rosto aquele sorriso à Mona Lisa ; e isso não combina com um monte de situações que compõem a trajetória de suas personagens. E a figura de Juliana é da maior simpatia, principalmente quando ela encarna a musa da cerveja nos comerciais. A boa notícia, no entanto, já chegou: Juliana vai apresentar um programa no canal pago GNT, em formato de reality show, tendo como universo uma competição de cabeleireiros. ;Estou muito animada;, disse a atriz no Twitter.
Eu também. Não tenho dúvidas de que, fora de um contexto dramático e instalada em um formato que permite improviso e incentiva abertura para costurar convivências, ela vai ser show de bola. Essa, sim, é uma plausível namoradinha do Brasil versão século 21.