Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Imagens deslocadas

Ceilândia abriga série de mostras para celebrar o Dia da Fotografia, em 19 de agosto. Projeto propõe acesso e democratização ao público das cidades

A ideia surgiu durante encontro de produtores culturais organizado pelo Ministério da Cultura (MinC) em maio. Entre uma e outra discussão sobre o futuro da fotografia, Eraldo Peres achou que seria um ganho para fotógrafos e público realizar um evento fora do Plano Piloto. Assim, começou a planejar o Mês da fotografia, que tem início hoje no Sesc Ceilândia e programação até o fim de agosto. ;A gente pensou em tirar um pouco dos eixos. As coisas acontecem sempre no Plano Piloto. E também é um evento colaborativo, ninguém está recebendo para participar;, avisa Peres. No total, 50 fotógrafos participam de exposições, projeções e oficinas gratuitas para a população de Ceilândia. A intenção é também comemorar o Dia da Fotografia, celebrado em 19 de agosto. Hoje, O Mês da fotografia inaugura sete exposições, mas o auge do evento será mesmo entre 19 e 27 de agosto, quando serão realizados os encontros com fotógrafos.

As exposições acontecem nos saguões das dependências do Sesc de Ceilândia. ;Esse evento nasce da vontade de levar a fotografia a uma população que geralmente não tem ou é difícil o acesso. O Sesc de Ceilândia tem uma estrutura e uma comunidade de 6 mil pessoas que frequentam o local;, diz Peres. Além das exposições, as oficinas e palestras foram montadas para refletir sobre o ato fotográfico. ;A fotografia hoje está colocando mais a questão do social. Ela está na galeria também, mas olha bastante para acontecimentos mais sociais e culturais.;

Exemplo dessa postura é a exposição ;mó Dudú, um retrato do cotidiano dos terreiros de candomblé no Distrito Federal, realizado por Luiz Alves. As fotos são inéditas em Brasília e o ensaio reúne registros captados nos últimos 18 anos. ;Tento utilizar a fotografia como instrumento de luta contra a intolerância religiosa e social. Ao mostrar a religiosidade afro-brasileira, estou também falando de cultura afro;, explica Alves. Segundo levantamento da Federação de Umbanda e Candomblé, Brasília abriga mais de quatro mil terreiros urbanos e rurais.

A cultura brasileira também é tema da exposição Fésta brasileira, de Eraldo Peres, que passou os últimos 10 anos a visitar o interior de seis estados brasileiros em busca de festas e de celebrações regionais. O conjunto rendeu um livro e uma mostra de 50 fotografias, mas apenas 16 estão expostas no Sesc/Ceilândia. Boa parte das exposições do Mês da fotografia ganhou versões reduzidas para se acomodar aos espaços da instituição.

Coletivos
A capital está representada principalmente nos trabalhos dos coletivos Candango fotoclube e Lente cultural, responsável por duas mostras do evento. Eu amo Brasília funciona como um projeto-piloto do grupo. Os nove fotógrafos que integram o Lente cultural saíram pelo Eixo Monumental para registrar os monumentos tombados. ;É uma linguagem mais artística, não o que a gente está acostumado a ver;, avisa Sérgio Almeida, integrante do coletivo. Além das fotografias dedicadas à arquitetura brasiliense, o grupo participa com um apanhado de imagens de tema livre realizadas por convidados.

[FOTO2]No caso de Roberto Castelo e suas Janelas, o tema é bem específico. ;É uma brincadeira que faço há uma década de comparar os detalhes arquitetônicos de Brasil e Portugal;, explica. O ensaio apresentado no Sesc cresce ao longo dos anos. A cada viagem, Castelo acrescenta novas imagens e o conjunto gerou livro que aumenta a cada nova edição.

Na próxima quinta-feira, o fotógrafo João Abreu realiza a primeira oficina do evento. Intitulado Desconstrução do olhar, o encontro pretende provocar os participantes com uma reflexão sobre o ato de fotografar. ;Vou buscar o homem paleolítico e as pinturas rupestres para mostrar que o ser humano sempre teve necessidade de recortar o que vê e passar isso para outro tipo de suporte;, adianta Abreu. Oficinas de fotografia em pinhole ; caixa negra com abertura mínima para realização de imagem artesanal ;, projeção e discussão com autores e debates também estão previstos até o fim de agosto. ;Não é um evento voltado para fotógrafos, é para as pessoas comuns;, avisa Roberto Castelo. ;A fotografia hoje é ferramenta de trabalho e a comunidade deveria se expressar tanto para mostrar as coisas boas quanto as ruins.;

03/08/2010
; 09h - Abertura das Exposições fotográficas individuais
- ;mó Dudú, de Luiz Alves;
- FÉsta Brasileira, de Eraldo Peres;
- 25 Anos de Fotojornalismo, de Ivaldo Cavalcante;
- Janelas, de Roberto Castello;
; Exposições fotográficas coletivas
- Lente Cultural Coletivo Fotográfico;
- Candango Fotoclube;

05/08/2010
; 20h às 21h ; Oficina: Desconstrução do Olhar, com João Abreu.
12/08/2010
; 20h às 21h ; Oficina: Projeção do Documentário "Abaixando a Máquina", com João Abreu.
19/08/2010
; 19:00h ; Abertura Oficial; Encontro com Autor e Projeção Comentada: Cultura Negra, de Luiz Alves.
; 20hs ; Apresentação do grupo Asé Dudú.

20/08/2010
; 15:30hs às 17:30hs ; Encontro com Autor e Projeção Comentada: Projeto Brasília Submersa, de Beto Barata.
; 20hs às 22:30hs ; Projeção Fotográfica e Encontro com Autores: Fotojornalismo de Brasília, com fotógrafos do Correio Braziliense.

21/08/2010
; 9hs às 12hs ; Workshop para comunidade: Fotografia Pinhole, com José Rosa.

22/08/2010
; 9hs às 12hs - Workshop para comunidade: Fotografia Pinhole, com José Rosa.

26/08/2010
; 20hs às 22:30hs ; Projeção Fotográfica e Encontro com Autores: Fotojornalismo de Brasília, com representante das Sucursais dos jornais O Globo, Estadão e Folha SP; Jornal de Brasília, Jornal da Comunidade e Agências Internacionais.

27/08/2010
; 19:30hs ; Projeção Fotográfica e Encontro com Autores: Coletivos Lente Cultural e Candango Fotoclube.
- 21hs - Harmonização FotoMusical com Pocket Show "FÉ Brasileira" com a dupla Charles e Cleyton.