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Big Boi e The-Dream oferecem um alento para os fãs de música pop

postado em 06/08/2010 07:00
Rapper The-DreamEles não desfilam em revistas de fofocas nem costumam se meter em encrencas. Tampouco provocam suspiros no mulherio ; fisicamente, quase nunca estão em forma (e não se importam muito com isso). Mas, navegando contra todos os estereótipos mais surrados do hip-hop, os rappers Big Boi e The-Dream conquistaram status invejável no pop americano: são ;multiartistas;. Além de cantar e compor, eles produzem hits, gerenciam pequenos selos e pescam talentos da black music. Como se não bastasse, estão por trás de alguns dos discos mais elogiados do ano. A começar pelos álbuns que eles próprios acabam de lançar. Sir Lucious Lefy Foot: the son of Chico Dusty, de Big Boi, e Love king, assinado por The-Dream, passaram (com folga) na sabatina da crítica e se impuseram quase que instantaneamente nas paradas de sucesso. A melhor parte da história: são dois projetos atípicos, que se equilibram entre as exigências das rádios e o desejo por novidades. Daí o entusiasmo de jornais como o Los Angeles Times, que definiu a estreia solo de Big Boi como uma ;experiência musical completa;. Já o acolchoado Love king, igualmente bajulado, restaura um velho formato conceitual: uma ;ópera-pop; sobre amor e sexo. Entre um projeto pessoal e outro, The-Dream escreve e coproduz sucessos como Umbrella, de Rihanna, e Single ladies (put a ring on it), de Beyoncé. Já Big Boi apadrinha revelações como Janelle Monáe, que lançou neste ano o surpreendente The ArchAndroid, e integra o duo OutKast, uma usina criativa no hip-hop americano. Os dois cresceram em Atlanta, Georgia, mas seguiram trajetórias quase opostas: enquanto The-Dream se instalou desde cedo no nicho do rhythm and blues, Big Boi se aperfeiçoou na arte das rimas e na combinação de ritmos e estilos. Big Boi, do OutKastCriado pela avó, Terius Youngdell Nash, 29 anos, tem o talento de converter confissões em sucessos pop. Muitas vezes, acaba irritando ex-namoradas com letras indiscretas. Desde 2001, quando caiu nas graças do produtor Laney Stewart, adota o codinome The-Dream para escrever faixas adocicadas, românticas. Depois de vender melodias finas para Usher, Mariah Carey, Mary J. Blige e Jamie Foxx ; e de receber uma indicação ao Grammy, por Umbrella ;, criou o selo Radio Killa e passou a arquitetar uma carreira solo cada vez mais bem sucedida. O segundo disco, Love vs. money (2009), vendeu 151 mil unidades na semana de lançamento. Com malícia Em Love king, Nash arremata um estilo que, cheio de malícia, acena para artistas como Prince e R. Kelly. Nas músicas, interpreta um personagem sedutor, obcecado por sexo, que não se envergonha das dores de cotovelo. Já foi casado duas vezes (recentemente, separou-se da cantora Christina Milian), mas não canta absolutamente nada sobre o assunto. Seria, segundo ele, fugir do tema. ;Meus discos são como livros. Você não pode incluir qualquer assunto que não se encaixe no tema;, explicou à revista Vibe. Antwan André Patton, 35 anos, provavelmente discordaria. Nos discos do OutKast, Big Boi agrega um turbilhão de referências musicais ; do funk ao rock. É essa a filosofia do primeiro álbum solo, que finalmente chega ao mercado após três anos de espera. Prejudicado por brigas entre o rapper e a gravadora Jive Records (que, de acordo com Big Boi, contava com um disco mais comercial), Sir Lucious Left Foot está sendo considerado pela maior parte da crítica norte-americana como um retrato fiel de Big Boi. Superou expectativas e vendeu 62 mil cópias na primeira semana. No lançamento, o letrista continua afiado (;como um caco de vidro;, ele avisa) e o cantor não se deixa ofuscar pelas participações de George Clinton (o ;rei do funk;), Janelle e Jamie Foxx. Faixas como Tangerine (com um toque oriental) e Follow us são irresistíveis. No comando do selo Purple Ribbon, exige controle absoluto sobre as próprias criações. ;São as melhores músicas que gravei na minha vida. Estou por completo neste disco. Passei muito tempo longe da minha família, da minha esposa e dos meus filhos. Quero que o resultado seja respeitado;, cobrou à MTV. Prestes a conceber um novo trabalho do OutKast, Big Boi é tratado como um mestre do gênero pela nova geração do hip-hop. E, de quebra, é um astro. A seu modo. THE-DREAM Terius Youngdell Nash é uma das crias mais bem-sucedidas da black music americana dos anos 2000. Começou a carreira escrevendo e produzindo canções sob encomenda. Despontou como um dos autores dos hits Umbrella (Rihanna) e Single ladies (Beyoncé). Como cantor, criou um estilo marcante de pop aveludado, inspirado em Prince e R. Kelly. Canta o amor e o sexo ; os discos se chamam Love/hate, Love vs. money e Love king. ;Meu primeiro e grande amor é a música;, afirmou. BIG BOI Antwan André Patton, um dos vocalistas do OutKast, é um dos nomes mais respeitados da geração do hip-hop americano revelada na década de 1990. No cinema, ele atuou em filmes como Idlewild, de 2006. Mas se sai melhor nos estúdios e nos palcos. Irrequieto, gosta de surpreender o público com misturas de estilos como funk, rap, soul music e rock. ;Minha música é feita de camadas e mais camadas de funk com letras cruas e muita sinceridade;, definiu. LOVE KING Terceiro disco do rapper The-Dream. 12 faixas, com produção de The-Dream, Christopher "Tricky" Stewart e Los Da Mystro. Lançamento Def Jam Records/Universal. Importado. *** SIR LUCIOUS LEFT FOOT: THE SON OF CHICO DUSTY Primeiro disco solo de Big Boi, do OutKast. 15 faixas, com produção de Big Boi, Organized Noise e outros. Lançamento Def Jam Records/Universal. Importado. ****

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