Diversão e Arte

O erudito e o carnaval de Nova Orleans esquentaram o festival I love jazz

Com Claude Tissendier 6TET e Leroy Jones Sextet

postado em 06/08/2010 08:12
O clarinetista francês Claude Tissendier e o trompetista americano Leroy Jones estavam visivelmente felizes na noite de quarta-feira. Os bandleaders e seus respectivos grupos responderam a acolhida do público brasiliense presente no segundo dia de programação do festival I love jazz com um repertório dançante desde o primeiro sopro. O público (que preencheu pouco mais da metade da lotação do teatro Oi Brasília), por sua vez, não arriscou nenhum passinho. E, no meio das cadeiras do local, ficaria complicado mesmo. Mas sentadas na plateia, as pessoas ficaram vidradas nas performances jazzísticas e não pouparam aplausos. O americanos do Leroy Jones Sextet mantiveram o alto astral do festivalA apresentação do Claude Tissendier 6TET começou às 21h20. A elegância do vestuário dos músicos franceses se refletia nos números apresentados. Eles fazem um som preciso e macio, com bases e solos executados com perfeição. Sabe as trilhas sonoras dos filmes do Woody Allen? Esse era o clima. A base do repertório são os arranjos do baixista americano John Kirby (1908-1952) para composições de autores da música erudita. "Ele apresentou um som novo, feito por um grupo pequeno que soava como uma orquestra. Pela primeira vez na história, músicos negros tocaram composições erudita em formato jazz", comentou Tissendier. Ao longo de uma hora de apresentação, foram mostradas composições de Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Antonín Dvorák e dos jazzistas Charlie Shavers, Glenn Miller, Moises Simons e Claernce Williams. Royal garden blues, a música que fechou o set list, contou com um animado solo de bateria de Sylvain Glevarec que deixou o público eufórico. Em determinado momento as baquetas voaram para longe (parte da cena, claro) e ele continuou o ritmo com as mãos. O Leroy Jones Sextet manteve o astral lá em cima. Sorrindo o tempo todo, o trompetista mostrou diversas nuances do jazz de Nova Orleans e porque é um dos principais difusores do som da cidade. Os músicos do grupo também pareciam estar se divertindo, em especial a trombonista Katja Toivola. O grupo também mostrou que o improviso é um dos seus fortes. Ao contrário do repertório de Tissendier, todo instrumental, Jones cantou várias músicas. Seu set list contou com composições próprias e clássicos do jazz de Nova Orleans. Ao fim do show, enquanto o público ainda aplaudia, o trompetista perguntou se poderia tocar mais uma música: "Vocês não estão entediados? Podem dançar se quiserem. Eu sei que vocês sabem fazer isso. Nós também temos o nosso carnaval, o Mardi Gras", disse, antes de emendar Mardi Gras in New Orleans, que fechou a noite, às 23h55.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação