Diversão e Arte

Salman Rushdie faz na Flip lançamento mundial em português de livro infantojuvenil

postado em 06/08/2010 19:01
Antes mesmo de ser publicado em inglês, idioma usado pelo escritor indiano Salman Rushdie, o novo livro do autor - Luka e o fogo da vida - está sendo lançado em português, durante a 8; Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Para o autor, a estréia tem caráter mundial e é motivo de comemoração.

Rushdie explicou que o livro, com a estória de um personagem que tenta devolver ao pai o dom de narrar, trata da relação de amor entre pais e filhos e sobre o processo imaginativo e criativo. Para o escritor indiano, um dos desafios do livro, inspirado no mundo dos videogames e escrito para seu filho, foi criar uma estória com uma linguagem que atraísse adultos e crianças.

;Quando me perguntam se é fácil escrever para crianças, minha resposta é não. É mais difícil, porque as crianças são leitores exigentes. Se não gostam do livro não terminam de ler o livro e também dizem que não gostam. São leitores muito honestos. Escrever um livro para agradar a uma criança é uma tarefa árdua;, avaliou Salman Rushdie.

Um dos marcos mais conhecidos da trajetória literária de Rushdie, iniciada em 1971, foi a repercussão de seu livro Os versos satânicos, que foi considerado uma blasfêmia pelos líderes do islamismo. A publicação rendeu um juramento de morte, declarado em fevereiro de 1989, por meio de uma fatwa (édito religioso) pelo aiatolá Khomeini, à época dirigente espiritual do Irã.

;Eu acho que o livro ocupou um espaço estranho no mundo, que não foi apenas um lugar literário. Teve mais a ver com política. Agora, depois de 20 anos, as pessoas finalmente estão começando a percebê-lo como uma obra literária. O prazer, para mim, é que finalmente ele [o livro] tem uma vida normal de um livro. O problema não era com o islamismo em si e, sim, com um governo fascista;, disse o autor.

A ameaça deve ser um dos fatos contados no novo trabalho de Rushdie, que preferiu não adiantar detalhes sobre o a publicação, que vai reunir algumas de suas memórias. Segundo ele, a obra deve ficar pronta no final do próximo ano. ;Sempre soube que teria um momento em que teria de escrever esse livro, mas durante muito tempo achei que não estava preparado. Há uns 4 ou 5 meses comecei a sentir que estava pronto. Passei os últimos meses coletando material e lendo outros livros sobre o assunto. Eu conclui esse processo e escrevi cerca de 70 paginas. O livro terá, provavelmente, umas 450 páginas. Então tem muito chão pela frente;, disse o escritor..

O indiano também comentou, durante a Flip, a situação da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério. O escritor disse que está envolvido nos protestos e repudiou a tentativa do atual governo iraniano de acusar Sakineh pela morte de seu marido. ;Por causa de toda a comoção internacional estão inventando outro pretexto para condená-la. Agora estão acusando-a de ter assassinado o marido. Muito suspeita essa acusação surgir justo agora;, disse.

Sobre a tentativa brasileira de solucionar pacificamente a situação, Salman Rushdie disse que ;ficaria muito feliz se qualquer nação conseguisse intervir e evitar que essa pobre mulher seja executada dessa forma [por meio de apedrejamento]. Se o governo brasileiro puder ajudá-la será excelente;, concluiu o escritor indiano.

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