postado em 09/08/2010 08:10
Vem de longe a queixa de artistas quanto à dificuldade de divulgação de seus trabalhos fora do retângulo do Distrito Federal. Um esforço em conjunto entre a ONG Ossos do Ofício - Confraria das Artes e a produtora cultural Só Som Salva tenta amenizar o problema com o lançamento anual do guia Satélite 061, que está na terceira edição. "Ele funciona como se fosse uma Listel com nome e endereços eletrônicos. É para ajudar a localizar os artistas", explica a atriz e cantora Marta Carvalho, da Ossos.
No começo, em 2007, eram apenas 100 verbetes distribuídos em 15 páginas do guia bilíngue (português e inglês). A edição deste ano já tem 500 verbetes. "Nós trabalhamos fazendo uma ponte entre a Europa e Brasília. O primeiro momento da revista é quando ela é lançada na Womex (Feira Mundial de Cultura), em Copenhague, na Dinamarca, em outubro do ano anterior. Depois, ela é distribuída em Brasília e no Brasil. Do mesmo modo, os artistas estrangeiros ficam conhecendo os lugares onde se apresentar aqui e com quem se contactar", ressalta o DJ Rafael Oops da Só Som Salva sobre o trabalho exógeno.
Representantes das sete artes são contemplados, sem qualquer ônus para o artista. "Muita gente pergunta: 'Mas, o que vocês ganham com isso?' Bom, nós estamos vendendo Brasília. Olha a cidade aí na sua mão", resume Marta. "O Satélite não representa só um grupo de artistas, mas todo um pensamento cultural da cidade. Brasília é múltipla", acrescenta Marcelo Alves, também da Ossos do Ofício.
Qualquer artista pode se inscrever para aparecer no guia. Porém, existem critérios de eliminação. "O catálogo tem um apuro visual forte. É preciso que se tenha um material que condiz com o projeto gráfico da revista", acrescenta o DJ Tiago Pezão, também da Só Som. O critério mínimo exigido é qualidade de imagem, com boa resolução (pelo menos 1MB e 300dpi) e o crédito do fotógrafo. O projeto gráfico é assinado pelos DJs da festa Criolina: Pezão, Rafael Oops e o designer Daniel Barroca.
Mesmo tendo aumentado o número de páginas e exemplares, o Satélite ainda não conseguiu sair das asas do Plano Piloto. "Infelizmente, ainda estamos muito defasados com o trabalho nas periferias. Em geral, os artistas ainda não têm sites ou e-mail. A funcionalidade da revista exige que se tenha endereço na internet", lamenta Oops. As duas últimas edições foram patrocinadas pelo Fundo Nacional de Cultura do Ministério da Cultura (Minc). Neste ano, foram impressos 7 mil exemplares.
Europa
O Ministério também tem ajudado na distribuição, feita de forma gratuita. "Nós conseguimos que o guia seja distribuído pelo Minc em várias bibliotecas do país. Com isso, alcançamos todas as esferas desde a Europa até os municípios do Brasil. Estamos tentando encontrar uma metodologia para descobrirmos o feedback dos artistas que já apareceram na revista", comenta Débora Aquino, da Ossos do Ofício.
A filosofia do grupo tem saído do papel e ganhando representatividade de carne e osso em mostras com artistas do DF organizadas fora daqui. Ano passado, o Rio de Janeiro recebeu a Mostra Satélite 061. Espetáculos de teatro e música foram apresentados no Teatro Glauce Rocha, na capital fluminense. "A ideia é levarmos as Mostras para Manaus e Belo Horizonte ainda este ano", planeja Marta.
Porém, um projeto ambicioso deve funcionar como a Virada Cultural, que já acontece no Rio de Janeiro e São Paulo. "Estamos organizando o evento Satélite 061 - 24 horas no ar que deve acontecer em fevereiro de 2011, em Brasília", adianta Marta. "É um trabalho de formiguinha", reconhece Pezão. Aos poucos, porém, o formigueiro aumenta.
SATÉLITE 061
Qualquer artista pode se inscrever para
sair no guia, enviando fotos em 1MB e 300dpi e endereços eletrônicos para os e-mails ossosdooficio@gmail.com,
satelite061@gmail.com
e rafaeloops@gmail.com